quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Aulas de roteiro com Tom Cruise


1 - TOP GUN: Tom Cruise é um piloto de avião. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de ser o melhor. Ele se apaixona por uma mulher que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

2 - DIAS DE TROVÃO: Tom Cruise é um piloto de automóveis. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de ser o melhor. Ele se apaixona por uma mulher que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

3 - COQUETEL: Tom Cruise é um barman. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de ser o melhor. Ele se apaixona por uma mulher que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

4 - JERRY MAGUIRE: Tom cruise é um agente de atletas. Ele é muito bom, mas depois de ser demitido, fica traumatizado, e este trauma o impede de ser o melhor. Ele se apaixona por uma mulher que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

5 - RAIN MAN: Tom Cruise é um importador de carros, um empresário. Ele é muito bom bem-sucedido, mas um trauma o impede de ser feliz. Ele se apaixona por uma mulher encontra seu irmão autista que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

6 - VANILLA SKY: Tom Cruise é dono de uma editora. Ele é muito bom, mas um acidente o impede de se manter como o melhor. Ele se apaixona por uma mulher que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo. Mas descobre que é tudo um sonho.

7 - A COR DO DINHEIRO: Tom Cruise é jogador de sinuca. Ele é muito bom, mas sua arrogância o impede de ser o melhor. Até que Paul Newman aparece e o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

8 - QUESTÃO DE HONRA: Tom Cruise é um advogado. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de ser o melhor. Ele se torna amigo de uma outra advogada que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

9 - MINORITY REPORT: Tom Cruise é um policial do futuro. Ele é o melhor, mas uma conspiração o coloca sob suspeita. Ele seqüestra uma paranormal que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo.

10 - DE OLHOS BEM FECHADOS: Tom Cruise é um médico. Ele é muito bom, mas depois de ser quase traído pela mulher, fica traumatizado. Ele se mete em orgias e não se dá bem. Isso o ajuda a superar seu trauma, e no final ele volta para a mulher.

11 - A FIRMA: Tom Cruise é um advogado, mas ao cair em uma rede de intrigas proporcionadas pelo mega-escritório em que trabalha, adquire um trauma que o impede de se tornar o melhor. Com a ajuda de sua apaixonada esposa, consegue alcançar seu objetivo.

12 - ENTREVISTA COM O VAMPIRO: Tom Cruise é um vampiro fodão. Ele é muito bom, mas a chegada de um novo vampiro o traumatiza, quase matando-o. Ele se apaixona pelo vampiro e no final alcança seu objetivo.

13 - MAGNÓLIA: Tom Cruise é um guru de auto-ajuda machista. Ele é muito bom, mas sua arrogância o impede de ser feliz. Ele encontra seu pai no leito de morte e isso o ajuda a superar, e no fim ele descobre a verdadeira felicidade.

14 - NEGÓCIO ARRISCADO: Tom Cruise é um aluno universitário. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de ser o melhor. Ele se apaixona por uma prostituta que o ajuda a superar, e no final ele alcança seu objetivo, virando o cafetão de sua própria mulher.

15 - NASCIDO EM 4 DE JULHO: Tom Cruise é um combatente no Vietnã. Ele é muito bom, mas um acidente o impede de se manter como o melhor. Ele se apaixona por uma mulher, e no final ele alcança seu objetivo, mesmo paralítico. E... adivinhem o último filme???

16 - O ÚLTIMO SAMURAI: Tom Cruise é um militar contratado para treinar os japoneses. Ele é muito bom, mas um trauma o impede de se tornar um samurai. Ele se apaixonada por uma japonesa e no final (adivinhem só?) ele consegue seu objetivo!


E toda piada tem um fundo de verdade...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Uma carta aberta para os editores e diretores de filmes de ação



Simon Brew, um cinéfilo norte-americano, começou uma campanha pelo retorno dos filmes de ação onde você realmente consegue ver o que está acontecendo.

Aqui está a tradução livre de sua carta:

Olá,

Eu sou apenas um espectador. Eu junto meu dinheiro, vejo filmes, compro DVDs, e então eu fico falando sobre eles até meus amigos decidirem que é hora de sairem e achar novos amigos.

E eu acredito apaixonadamente que há poucos prazeres relaxantes na vida que se comparam a um bom, sólido filme de ação.

Durante minha vida, eu fui mimado por uma abundância de filmes de ação que eu assisto, reassisto e assisto de novo. Duro de Matar, Aliens, Mandando Bala, Con Air, Armageddon, Adrenalina, Tropas Estrelares, Trilogia Bourne, Missão: Impossível, Cassino Royale - Eu poderia, literalmente nomear filmes até a eternidade. Pergunte para os meus ex-amigos.

Entretanto, recentemente, uma tendência vem crescendo, que me parece, um pouco de loucura na edição dos filmes.

Eu notei isso primeiramente, ou mais obviamente, no filme Transformers, do Michael Bay (e eu digo isso como alguém que gosta de muitos de seus filmes). Este foi talvez o primeiro filme que eu já vi que me fez sentir velho. Por que enquanto os efeitos eram incríveis, a construção era boa e ver máquinas gigantes quebrando o pau entre si é algo encantador, chegou num ponto onde eu não tinha idéia do que estava acontecendo. É real: nenhuma!

De tão rápida que era a montagem, e tão próximos os planos, que por grande parte do tempo eu me senti vendo flashes de cores passando, como se eu estivesse submetido uma experiência glorificada de teste de visão. Eu entendo que teorias de edição de filmes frequentemente aponta algo como "quando foi a última vez que você viu um filme que era tão rápido?", mas se alguém está perguntando essa questão, eu gostaria de levantar minha mão agora mesmo.

Não me entenda mal: edição de filme exige grande habilidade e filmes de ação tem sempre utilizado de cortes rápidos para expressar a energia e o momento. Eu não tenho problemas com isso. Eu não estou sendo um reclamão também, desses que gostam de dizer como eram os filmes dos bons velhos tempos. Cinema de ação evolui e segue adiante e tivemos grandes lucros com essa evolução recentemente.

Eu também entendo que às vezes o efeito de corte muito, muito rápido pode trazer, sucessivamente a idéia de uma briga rápida e brutal, como em Batman Begins e a Trilogia Bourne. Esses filmes, para mim, trazem a noção de que que você não deve ver tudo que está acontecendo porque eles são lutadores rápidos, brutais e nervosos. Mas pelo menos eles nos dão uma pista e uma idéia do que está acontecendo. Há o equilíbrio entre cortes rápidos e planos fechados te tratando como a audiência merece.

E então eu me deparo com algo como "Quantum of Solace" (um filme que quer tanto ser uma sequencia de Bourne que ta ficando ridículo, mas isso é assunto pra outra conversa). A sequência inicial de Quantum é tão ridicularmente rápida, sem justificativa aparente, que de novo, eu me senti como se não devesse (ou não pudesse) entender o que estava acontecendo. Não é o único exemplo recente. Um crítico de Carga Explosiva 3 notou a decisão de "editar as lutas para uma confusão incompreensível de luzes e efeitos sonoros". Eu não vi Carga Explosiva 3, mas como um devoto de filmes de ação, eu entendo de onde ele tirou isso.

Então se isso, então, é a mais nova tendência dos filems de ação de Hollywood, posso agora pedir por favor para isso parar, em favor de dar ao espectador uma chance de ver o que está acontecendo?

Não há nada de errado não ser um filme do Bourne, e é absolutamente normal acreditar que você não tem que bombardear a audiência repetidamente para empurrar a mensagem que seu filme é rápido e furioso. Eu reassisti Duro de Matar recentemente e enquanto ele corta rápido, a excitação da sua ação está logo ali na frente da lente da câmera, e o corte preciso nos dá ampla oportunidade de curtir tudo. Isso sem nunca o filme perder controle ou energia.

Eu escrevo isso como um grande fã de cinema de ação e eu vou continuar a ser. E mais, eu vou continuar a juntar meu dinheiro e sem dúvida comprar outras cópias de muitos de meus filmes de ação favoritos quando chegarem em alta definição. E vou ansiosamente ver os trailers do próximos extravagantes filmes de ação ali esquina.

Eu apenas peço para as pessoas que fazem filmes, que vocês façam uma coisa por mim: POR FAVOR, ME DÊEM PELO MENOS UMA CHANCE DE VER O QUE ESTÁ ACONTENCEDO!
Muito obrigado pelo seu tempo.

Sinceramente,

Simon Brew



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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Sidney Lumet, o homem que não quer parar.


Em 1998, quando alardeei minha família dizendo que queria estudar cinema, ganhei de natal de minha vó um livro chamado "Fazendo Cinema", do Sidney Lumet. Ele abriu minha cabeça para uma porção de coisas, hoje óbvias para mim mas na época surpreendentes sobre os bastidores da indústria, as relações pessoais num set de filmagem e como funciona idealmente uma equipe de filmagem. Lumet foi então meu primeiro contato com a literatura sobre cinema. Comecei, além de estudar mais a fundo sobre cinema, a ver os filmes desse velhinho simpático que acabaram entrando na minha lista de favoritos, como "Um dia de cão", "Rede de Intrigas", "12 Homens e uma sentença", "Assassinato no Expresso Oriente" entre alguns outros.

Escrevo sobre ele agora não por ele ter falecido (ufa), mas por ter me surpreendido mais uma vez com sua carreira.

Em 2005 ele recebeu o Oscar Honorário pela sua obra (prêmio concedido muitas vezes àqueles diretores que todo mundo gosta e que nunca ganharam nada da Academia). Lembro no discurso quando ele agradeceu a honra e reclamou que ele não está aposentado, que poderiam esperar um pouco pois ele tinha o que fazer ainda. Ele tinha 81 anos. Todos deram risadas simpáticas como se fosse uma piada de discurso. E até porque sua carreira estagnou em qualidade em 1982, com "O veredicto". Mas não é que o garotão estava certo?

Ontem assisti "Antes que o Diabo saiba, você está morto"



Filmaço.

Direção elegante, claustrofóbica, interpretações vicerais, filmado em digital mas tão bem fotografado que quase sempre passa despercebido.

O roteiro foge dos clichês dos filmes de roubo e traz um realismo perturbador. Enquanto a maioria dos filmes desse gênero apelam para reviravlotas à la Mamet, "Antes que o diabo Saiba..." empurra os personagens ladeira a baixo e vem uma sucessão de desgraças. Daí flashback mostram outros ângulos da história e conhecemos mais os personagens. Só que eles continuam a se ferrar. Chega um ponto em que não estamos mais torcendo por ninguém. Não temos nenhum personagem agradável o qual queremos que tenha sucesso. Nos identificamos com todos os seus defeitos e por isso queremos certa distância. Parece que o filme não sabe como deve terminar e então aparece o personagem menos filho da puta e tem seu momento de redenção catártica, mas que também o levará para o inferno.

Levaram uns 25 anos para Lumet acertar a mão de novo. Tomara que continue acertando assim por muito tempo.