sexta-feira, 30 de janeiro de 2009


Quando eu crescer, quero responder questionários com a destreza do Dustin Hoffmann.

Esse é um questionário proustiano padrão que ele respondeu para revista Vanity Fair. To com preguiça de traduzir.


What is your idea of perfect happiness?
When the coffee kicks in early in the morning and I’m on the couch with my dogs, reading the paper.

What is your greatest fear?
My belief that saying it makes it happen.

Which living person do you most admire?
The Portuguese director Manoel de Oliveira, who is 100 years old and still working.

What is your greatest extravagance?
Disposable glasses.

What do you consider the most overrated virtue?
Moderation.

On what occasion do you lie?
When people ask, “How are you?” The real answer I save for my therapist.

What do you dislike most about your appearance?
That it is only skin-deep.

Which living person do you most despise?
Any bully.

What is the quality you most like in a man?
Non-threatening.

What is the quality you most like in a woman?
Threatening.

Which words or phrases do you most overuse?
“How was yours?”

What or who is the greatest love of your life?
My family, which keeps growing.

When and where were you happiest?
The moment I knew I would spend my life with Lisa.

Which talent would you most like to have?
To play good jazz piano.

If you could change one thing about yourself, what would it be?
I’d like to read faster.

What do you consider your greatest achievement?
Knowing how much I don’t know.

What is your most treasured possession?
My notebooks.

What do you most value in your friends?
Private planes.

What do you regard as the lowest depth of misery?
Auditioning.

What is your favorite occupation?
Eavesdropping.

What is your most marked characteristic?
Unpredictability. However, those who know me find me very predictable.

Who are your favorite writers?
Nineteenth-century Russians.

Who is your favorite hero of fiction?
Mr. Magoo.

Which historical figure do you most identify with?
Columbus—if it’s true that he knew where he was going, got lost, and found a place that was better.

Who are your heroes in real life?
Those who overcome adversity.

What is your greatest regret?
Waiting too long to do those things that I’m finally hoping to do now.

What is your motto?
“The true mystery of the world is the visible, not the invisible.”—Oscar Wilde


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Benjamin Gump




Lembram daquele texto que todo mundo que tem e-mail já recebeu, que dizem ser do Charles Chaplin, sobre a vida ser injusta pois deveria começar do contrário? Não? Sim? Vou refrescar sua memória:

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?


Então.

Não queira comparar o texto com o filme. O texto é melhor. E olha que você lê o texto em uns 40 segundos. O tema da vida cronologicamente ao contrário é sem dúvida interessantíssimo. E é por não aprofundar nisso que enfraquece o filme. Tá, quer que o tema central seja o amor (ah! o amor!) tendo como barreira na maldição-benção de Benjamin? Jóia! Deveriam então ter trabalhado melhor a relação dos dois, que é sem química (também por causa dos efeitos, que limita os atores no toque). Quer que a motivação do personagem seja a curiosidade nesse mundão que vai na contramão de sua natureza? Ótimo, que mostre ele tendo desafios reais, e não só "vou ser um outro filho da minha mulher e não um pai para minha filha", pois o resto incrivelmente ele tira de letra. O Sean Penn provou que pode ser um pai com idade mental menor que a da filha em "I am Sam". Por que ele não? Ha-ha. E sem definir o tema central da história (nascer velho e morrer novo é só pano de fundo aqui), o filme empaca várias vezes nas suas duas horas e quarenta e cinco minutos.

No último ato, quando ele tem um objetivo, lidar da melhor forma possível com a paternidade, daí perdemos a oportunidade de ve-lo mais profundamente rejuvenescendo com sabedoria, sendo jovem sonhador com responsabilidade, sendo adolescente com sabedoria, aproveitando a infância com consciencia da sua duração e por isso mais intensamente. Tanta coisa potencialmente linda e profunda que o filme escolheu deixa de lado pra focar em coisas batidas e frases de sabedoria popular sainda da boca de todos os personagens como "viva a vida não importa a idade" que nem biscoitos da sorte ambulantes. E contados através de flashbacks da Cate Blanchet no leito de morte. "Tomates Verdes Frito" é ótimo, mas depois de "Titanic", perdi minha tolerância para velhinhos contando histórias incríveis. Recuperei a tolerância com o ótimo "Peixe Grande" e perdi novamente com Benjamin Button.


Eric Roth, o roteirista de Benjamin, que também fez Forrest Gump, tentou repetir o sucesso e esconder em vão as semelhanças entre os dois. Vamos lá:

Tem mais de duas horas e meia (pra parecer mais sério e artístico) e é narrado pelo personagem principal.
Check

Personagem com dificuldades peculiares em relação aos demais no sul dos EUA.
Check

Mãe cheia de sabedoria e força para lidar com a diferença do filho para com o mundo.
Check

O filme conta a história ligando o personagem fictício a conhecidos eventos reais.
Check

Faz amizade com um negro esquisito.
Check

Viaja num barco com um capitão bêbado.
Check

Serve o país na guerra.
Check

Encontra o verdadeiro amor de sua vida na infância.
Check

Ela reluta esse sentimento mas depois de estar fodida volta para os braços carinhosos dele, agora que ele por sorte do destino ta podre de rico.
Check

Tem um filho e teme que ele seja que nem ele.
Check

Veja alguns exemplos no video abaixo.



Claro que não é certo julgar um filme apenas pelo que ele não é. O fato é que ele é bom e vale o ingresso (se pagares meia, melhor). Tem efeitos incríveis, grandes atuações (da mãe e de Pitt quando fazendo criança no corpo de velho), frases de efeito pontuais para você colocar no MSN e se sentir filósofo e por que ele vai abocanhar uns Oscars, ser bastante comentado e depois esquecido.


.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O poder de um final




Como já disse Robert McKee no filme Adaptação, o segredo de um roteiro é surpreender no final. Você pode ter uma história ruim, um elenco ruim, diálgos ruins, mas faça um final surpreendente que você ganha o espectador (e Deus me livre se utilizar Deus Ex-Machina).

Essa fórmula aparentemente simples é geralmente mal utilizada, principalmente no cinema americano, onde uma onda a mesmice e a previsibilidade imperam, com raras excessões.

É o problema dos gêneros. Nem todos conseguem lidar com eles de forma inventiva. Tanto nos dramas quanto nas comédias a grande espectativa do final é se ele é triste ou feliz. Claro que cerca de 99% tem final feliz. Não por acaso. É o que dá mais retorno de bliheteria. Faz as pessoas se sentirem melhor e blablabla. Claro que Titanic é a excessão que confirma a regra. Mas mesmo nas ramificações de gêneros e possibilidades, as coisas ainda acabam se limitando. Por exemplo, numa comédia romântica o casal ou acaba junto (99,99%) ou acaba separado (0,01%). Num filme de terror ou o vilão-monstro morre no final (95%) ou triunfa (5%). Num filme policial ou o bandido se ferra (98%) ou escapa (2%). No pornô hetero, a mulher se fode (100%). Enfim, não estou defendendo os tipos de finais de filmes com menor porcentagem de ocorrência, pois até eles são previsíveis. Defendo aqui a terceira via. A dos finais com a dose certa de imprevisibildiade que vira do avesso as espectativas pois foge das opções esperadas de forma sutil como em "Os suspeitos" e o "Sexto Sentido" ou até mesmo deliciosamente exagerada, como em "Happy Feet" e "Morrer ou Viver" do Takeshi Miike.

Aliás todo esse discurso foi pra enfim falar desse filme. "Morrer ou Viver" tem, na minha opinião, o melhor final de filme que já vi. E olha que eu não devo ter entendido bulhufas da simbologia dessa cena. Se é que há alguma, claro. O filme é um embate entre a polícia japonesa, uma gangue chinesa e a yakuza no meio de campo. O começo do filme parece um trailer de 6 minutos viscerais que homenageia a matança de chefões no "Poderoso Chefão" só que atolado de ácido. O meio do filme lembra o "Fogo contra Fogo" do Michael Mann na forma que desenvolve os personagens e os envolve num caminho sangrento cada vez mais sem volta. Até então beleza. Nada de absurdo entre uma escatologia ou outra. Mas o final, bem... o final...



Lindo. Lindo.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Oscar 2009

Aqui estão os indicados do Oscar 2009.
A única "injustiça" é a ausência de Wall-e como melhor filme (será para uma animação é melhor vencer o prêmio de melhor animação do que perder a de melhor filme?).
Acompanho todas as cerimônias da Academia fazem uns 15 anos, faço meus bolões e essa edição tem tudo pra ser a mais imprevisível de todas. Há muito poucos favoritos e muitos filmes com cara de independente.
(em negrito minhas apostas)

Melhor filme

O Curioso Caso de Benjamin Button
Frost/Nixon
Milk
O Leitor
Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire )

Melhor atriz

Anne Hathaway (O Casamento de Rachel)
Angelina Jolie (A Troca)
Melissa Leo (Frozen River)
Meryl Streep (Dúvida)
Kate Winslet (O Leitor)

Melhor ator

Richard Jenkis (The Visitor)
Frank Langella (Frost/Nixon)
Sean Penn (Milk)
Brad Pitt (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Mickey Rourke (The Wrestler)

Melhor atriz coadjuvante

Amy Adams (Dúvida)
Penelope Cruz (Vicky Cristina Barcelona)
Viola Davis (Dúvida)
Taraji P. Henson (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Marisa Tomei (The Wrestler)

Melhor ator coadjuvante

Robert Downey Jr. (Trovão Tropical)
Philip Seymour Hoffman (Dúvida)
Heath Ledger (Batman - O Cavaleiro das Trevas)
Josh Brolin (Milk)
Michael Shannon (Foi Apenas um Sonho)

Melhor diretor

Danny Boyle (Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire ))
Stephen Daldry (O Leitor)
David Fincher (O Curioso Caso de Benjamin Button)
Ron Howard (Frost/Nixon)
Gus Van Sant (Milk)

Melhor roteiro original

Frozen River
Simplesmente Feliz
Na Mira do Chefe
Milk
Wall-E

Melhor roteiro adaptado

O Curioso Caso de Benjamin Button
Dúvida
Frost/Nixon
O Leitor
Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire )

Melhor trilha sonora original

Alexandre Desplat (O Curioso Caso de Benjamin Button)
James Newton Howard (Defiance)
A. R. Rahman (Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire ))
Danny Elfman (Milk)
Thomas Newman (Wall-E)

Melhor canção original

Down to Earth (Wall-E)
Jai Ho (Quem Quer Ser um Milionário? - Slumdog Millionaire)
O Saya (Quem Quer Ser um Milionário? - Slumdog Millionaire)

Melhor filme estrangeiro

Der Baader Meinhof Komplex, de Uli Edel (Alemanha)
Waltz With Bashir, de Ari Folman (Israel)
The Class, Laurent Cantet (França)
Departures, Yojiro Takita (Japão)
Revanche, de Gotz Spielmann (Áustria)

Melhor animação

Bolt - Supercão
Kung Fu Panda
Wall-E

Melhor curta de animação

La Maison en Petits Cubes, de Kunio Kato
Lavatory - Lovestory, de Konstantin Bronzit
Oktapodi, de Emud Mokhberi e Thierry Marchand
Presto, de Doug Sweetland
This Way Up, de Alan Smith e Adam Foulkes

Melhor documentário

The Betrayal (Nerakhoon), de Ellen Kuras e Thavisouk Phrasavath
Encounters at the End of the World, de Werner Herzog e Henry Kaiser
The Garden, de Scott Hamilton Kennedy
Man on Wire, de James Marsh e Simon Chinn
Trouble the Water de Tia Lessin e Carl Deal

Melhor documentário em curta-metragem

The Conscience of Nhem En
The Final Inch
Smile Pinki
The Witness - From the Balcony of Room 306

Melhor curta-metragem

Auf der Strecke (On the Line)
Manon on the Asphalt
New Boy
The Pig
Spielzeugland (Toyland)

Melhor direção de arte

A Troca
O Curioso Caso de Benjamin Button
Batman - O Cavaleiro das Trevas
A Duquesa
Foi Apenas um Sonho

Melhor fotografia

A Troca (Tom Stern)
O Curioso Caso de Benjamin Button (Claudio Miranda)
Batman - O Cavaleiro das Trevas (Wally Pfister)
O Leitor (Chris Menges and Roger Deakins)
Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire ) (Anthony Dod Mantle)

Melhor edição

O Curioso Caso de Benjamin Button (Kirk Baxter e Angus Wall)
Batman - O Cavaleiro das Trevas (Lee Smith)
Frost/Nixon (Mike Hill and e Hanley)
Milk (Elliot Graham)
Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire ) (Chris Dickens)

Melhor mixagem de som

O Curioso Caso de Benjamin Button (David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce e Mark Weingarten)
Batman - O Cavaleiro das Trevas (Lora Hirschberg, Gary Rizzo e Ed Novick)
Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire ) (Ian Tapp, Richard Pryke e Resul Pookutty)
Wall-E (Tom Myers, Michael Semanick e Ben Burtt)
O Procurado (Chris Jenkins, Frank A. Montaño e Petr Forejt)

Melhor edição de som

Batman - O Cavaleiro das Trevas (Richard King)
Homem de Ferro (Frank Eulner e Christopher Boyes)
Quem Quer Ser um Milionário? (Slumdog Millionaire ) (Tom Sayers)
Wall-E (Ben Burtt e Matthew Wood)
O Procurado (Wylie Stateman)

Melhores efeitos especiais

O Curioso Caso de Benjamin Button (Eric Barba, Steve Preeg, Burt Dalton e Craig Barron)
Batman - O Cavaleiro das Trevas, (Nick Davis, Chris Corbould, Tim Webber e Paul Franklin)
Homem de Ferro (John Nelson, Ben Snow, Dan Sudick e Shane Mahan)

Melhor maquiagem

O Curioso Caso de Benjamin Button (Greg Cannom)
Batman - O Cavaleiro das Trevas, (John Caglione, Jr. e Conor O'Sullivan)
Hellboy II (Mike Elizalde e Thom Floutz)

Melhor figurino

Austrália (Catherine Martin)
O Curioso Caso de Benjamin Button (Jacqueline West)
A Duquesa (Michael O'Connor)
Milk (Danny Glicker)
Foi Apenas um Sonho (Albert Wolsky)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Nollywood



Pra quem acha que o cinema vai morrer, aqui vai uma reportagem interessante sobre o esquema de produção da maior indústria de cinema do mundo (em quantidade de títulos).

Sim, a Nigéria!

A matéria saiu na Revista Trip desse mês.

Clique aqui para ver a matéria

sábado, 17 de janeiro de 2009

Hard Ticket to Hawaii

De cara o melhor filme de verão que nunca vi.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Thundercats - o filme

Um video sensacional de um fã tentando mostrar que Thundercats pode ter um filme em carne e osso interessante. Imagens de Tróia, X-Men, Crônicas de Ridick, Spy Kids, Garfileld (!!!), Indiana Jones, Aliens, Senhor dos Anéis entre outros.