segunda-feira, 27 de julho de 2009

Colin Vive




Lembram do Colin? O filme de zumbi de 74 dólares?

Pois é. Tem novidades. Vi no UOL. Segue abaixo:


Um filme de terror que custou apenas US$ 74 (cerca de R$ 140) para ser produzido vai ser exibido nacionalmente na Grã-Bretanha.

Colin, a história de um homem que é mordido por um zumbi, morre e volta como morto-vivo para comer pessoas, foi filmado com uma câmera amadora portátil por Marc Price e um grupo de amigos.

Em entrevista à BBC Brasil, Price (que além de autor do roteiro também é o diretor e produtor do filme) disse que a ideia nasceu de uma brincadeira despretensiosa entre amigos e que nem sonhava com a repercussão que o filme está tendo.

Colin foi exibido em um festival de filmes de terror no País de Gales e acabou chamando a atenção dos organizadores, que recomendaram a produção a uma agente.

Para a surpresa do diretor, o filme acabou sendo exibido no Festival Cannes e recebeu uma oferta para distribuição na Grã-Bretanha.

"O que me deixa realmente feliz é pensar que esse filme pode inspirar outros a fazerem a mesma coisa, abrindo um mundo de possibilidades para pessoas criativas", disse.

"Hoje em dia, alguns celulares têm câmeras de alta definição, então é perfeitamente possível fazer um filme usando apenas um telefone".

Orçamento baixo

Colin foi filmado no País de Gales e na Inglaterra. A produção durou 18 meses. Enquanto editava o filme, Marc Price, de 30 anos, trabalhava para uma empresa de entregas em Londres.

Artista gráfico sem formação específica em cinema, Price disse que aprendeu muito do que sabe sobre filmes ouvindo depoimentos de diretores em DVDs.

"Com essa incrível revolução digital, muita gente se esquece de que as velhas técnicas de cinema ainda se aplicam".

Price disse que já está trabalhando em seu próximo filme e que vai tentar manter o orçamento baixo. A produção, no entanto, certamente não vai custar os mesmos US$ 74.

Colin chega aos cinemas britânicos em outubro, para coincidir com a festa do Halloween. A assessoria de Price informou que o filme será exibido também em São Paulo, no Festival Curta Fantástico, que será realizado em novembro.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

C'était un rendezvous

Lembram daquele clipe do Snow Patrol - Open your eyes, o qual vemos a subjetiva de um carro andando a milhão por paris, sem cortes, até que ele pára, o motorista desce e abraça uma garota que o espera?



Pois é. Fiquei sabendo agora a pouco que na verdade essa sequência toda é de um curta do Claude Lelouche, de 1976 chamado C'était un rendezvous (Foi um encontro). Quando vi o clipe do Snow Patrol achei que a produção era original, simples e tecnicamente nada inovador. Metido a cool, no máximo. Mas ao saber que a produção é de 30 e poucos anos atrás e um experimento de cinema-verdade a coisa mudou de perspectiva. Ainda mais ao saber que o Lelouch amarrou a câmera de 35 mm (um trambolho complicado, não as câmeras digitais de hoje) na frente de uma Mercedez e por não ter permissão para rodar em todas aquelas ruas de Paris, fez isso às 5 da manhã atravessando sinal vermelho, ao redor do Arco do Triunfo, Champs-Élysées, na contra-mão, sobre calçadas e a 180 Km/h. O único truque no filme foi substituir o som da Mercedez por de uma Ferrari para dar mais efeito. No final do passeio, todo a aventura se revela como a pressa do amante para encontrar a amada. Foi um encontro. Depois da primeira projeção do curta, Lelouch foi preso por botar em risco a segurança pública. Viva o cinema verdade!

Eis o curta na íntegra:

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"O que eu aprendi", por Francis Ford Coppola


A revista Esquire tem uma sessão bem interessante chamada "What I´ve learned", onde diversas celebridades soltam frases aleatórias sobre suas carreiras, experiências e memórias em geral. Gostei da do Coppola e traduzo livremente abaixo alguns trechos:

Quando eu tinha 16 ou 17 anos, Eu queria ser um escritor. Eu queria ser um dramaturgo. Mas tudo o que eu escrevia era fraco. E eu consigo me lembrar de adormecer chorando porque eu não tinha talento que eu queria ter.

Você já assistiu Rushmore (Três é demais, de Wes Anderson)? Eu era como aquele garoto.

Eu tinha vinho na mesa o tempo todo. Mesmo quando criança a gente podia tomar. Nós misturávamos com gengibirra ou soda.

Eu fiz algo terrível pro meu pai. Quando tinha 12 ou 13 anos, eu trabalhava no correio. E eu sabia que o nome do chefão do departamento de música da Paramount era Louis Lipstone. Então eu escrevi "Querido Senhor Coppola: Nós o selecionamos para escrever uma trilha sonora. Por favor venha para Los Angeles imediatamente para começar o serviço. Sinceramente, Louis Lipstone". E eu entreguei de bicicleta. Meu pai ficou tão feliz. Então tive que contar que era mentira. Ele ficou furioso. Naqueles tempos, crianças apanhavam. Com cinto. Eu sei por que eu fiz aquilo: Eu queria que ele recebesse aquele telegrama. Nós fazemos boas que são ruins.

Pessoas acham que o pior filme que eu fiz foi Jack. Mas hoje, quando eu vejo os filmes que fiz, Jack é um dos melhores. Ninguém sabe disso. Se as pessoas o odeiam, elas odeiam. Eu só queria trabalhar com o Robin Williams.

Eu nunca fui desleixado com o dinheiro dos outros. Só com o meu. Porque eu acho que posso.

Eu tenho mais imaginação fértil que eu tenho talento. Eu cozinho idéias. É apenas uma característica.

Eu admiro muito pessoas como Woody Allen, que todo ano escrevem um roteiro original. É impressionante. Eu sempre quis poder fazer isso.

Fazer bem feito é ser abundande. Essa é minha tendência. Se eu cozinho uma refeição, eu cozinho muito e muitas coisas. Eu estava vendo um filme do Cecil B. DeMille noite passada baseado em Cleopatra e eu percebi quantas partes da história real ele deixou de lado. Muito da arte de filmar é fazer menos. Aspirar o menos.

Você tem que enxergar as coisas de acordo com sua expectativa de vida.

O final estava claro e Michael se corrompeu. Tinha acabado. Então não entendi porque quiseram fazer outro Poderoso Chefão.

Nunca assisti Os Sopranos. Eu não tenho interesse na máfia.

Alguns expectadores adoram ficar até o final das projeções e ver todos os nomes dos créditos. Estariam procurando parentes?

O que eu deveria fazer agora? Eu poderia fazer algo mais ambicioso. Ou menos. Melhor menos. Para mim menos ambicioso é mais ambicioso.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Ataque dos Clones!


Desde que eu me lembro como cinéfilo alfabetizado, ou seja, desde o dia em que vi o primeiro filme no cinema (E.T.), me gabo de ser uma pessoa bem informada e que se informa antecipadamente sobre os detalhes de qualquer filme que assisto. Diretor, ator, roteirista, estúdio, sinopse, prêmios, repercursão entre o público e a crítica, etc. Tanto que fico indignado quando na locadora, ao pegar um filme que já aluguei antes, o funcionário tem que dizer: "O senhor já pegou esse filme, vai levar assim mesmo?". Pra mim é ofensivo, mas consigo imaginar gente desinformada e lerda que pega um filme repetido sem saber e reclama dos funcionários que não advertiram devidamente. Ou que pegam um filme que é uma bosta e briga por que não ter sido avertido. É gente que odiou simplesmente um dos 5 melhores filmes desse século até agora, Brilho eterno de uma mente sem lembranças (que um dia farei a devida homenagem aqui) por achar que o filme seria outro sucesso pastelão cheio de caretas de Jim Carrey. Enfim. Azar de quem de não se informa, é o que sempre digo.

Relato isso com certa paixão porque já fui traído pela minha própria arrogância. O ano era 2000. Estava ansioso para ver o então novo trabalho de Tim Burton, A lenda do cavaleiro sem cabeça (Sleepy Hollow). O filme estava já ha algum tempo no cinema (não em Joinville, claro) e, para minha surpresa, vi o título na locadora. Claro que estranhei a rapidez com que o lançamento aterrisou na loja. Pensei que poderia ser uma cópia importada talvez, pirata quem sabe. De qualquer forma agarrei rapidamente o título, corri pro balcão e levei pra casa. Quando o filme começou reparei que não aparecia nunca o Johnny Depp e nem a Christina Ricci. Tampouco o ambiente parecie "Timburtonesco". Peguei a caixa e analisei com mais cuidado. A capa era bem escura com uma imagem estilizada de um cavaleiro sem cabeça e o título em destaque, porém sem indicar o nome do diretor e nem do elenco. Quando olho para o verso, percebo que peguei uma versão tosca da história feita por alguma produtora B, que agilizou a produção no embalo da notícia de Tim Burton no projeto e lançaram rapidamente para pegarem a onda do filme e lucrar com isso. Caí como um pato. Foi a minha maior vergonha como cinéfilo. E a única nessa categoria de burrada. Desde este episódio isso ficou mais forte em mim. Digo que hoje, a chance de eu me desapontar é zero. Sou um cara que me informo tanto sobre filmes que muitas vezes nem preciso assiti-los para poder discutir sobre eles. Já sei que filmes são bons e ruins sem precisar ve-los. Às vezes eles me surpreendem para o bem. Nunca para o mal. Isso me economiza uma barbaridade em ingressos e locações. Mas sei que muita gente não tem tempo, nem paixão para adquirir essa neura e acabam se decepcionando muito. Mesmo assim não existe ninguém minimamente normal no mundo que não goste de um filme sequer. Por isso as pessoas continuam assistindo filmes bons e ruins mesmo quando suas espectativas são destroçadas.

Existe um filão interessante na indústria cinematográfica de filmes baratos e rápidos de serem produzidos e lançados diretamente em video que vão na onda de blockbusters usando um título semi-homônimo (não sei o que a nova gramática diz dessa palavra), com história parecida, elencos desconhecidíssimos, restrições orçamentárias e técnicas aliadas a muita cara de pau.
É o caso da "The Asylum", que começou como produtora de filmes trash e achou nesse filão seus próprios sucessos comerciais clonados como Transmorphers, Pirates of the Treasure Island, The Da Vinci Treasure, 18 Year Old Virgin e Snakes on a Train.

O produtor da The Asylum, David Michael Latt, ao ser questionado sobre a ética nesse tipo de produção, se defendeu dizendo que não tem a intenção de enganar ninguém. “Apenas quero que meus filmes sejam vistos. Outro estúdio pode fazer um filme com robôs gigantes, cujo lançamento coincida com o de Transformers, e chamá-lo de ‘Robot Wars’. Nós chamamos o nosso de Transmorphers,” justificou. Pode ser até que os filmes deles sejam melhores que os blockbusters que o inspiraram, mas para garantir sua satisfação, faça como eu: INFORME-SE!

Aqui vai o trailer de Transmorphers 2 - The Fall of Man



Ah, vai... não parece tãããããão ruim, né?