quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Serviços Prestados

Post emprestado do Allan Sieber:

Desenho para uma mostra em homenagem ao Mestre Woody Allen. Além de ser grande fã dos seu humor finíssimo, respeito acima de tudo um cara que faz um filme por ano, faça chuva ou faça sol, ao contrário de seus colegas preguiçosos. É como essas bandas ou músicos idiotas de hoje, que demoram 3 anos para lançar um disco de 10 músicas - horríveis - e sempre aparentam estar cansadíssimos. Mas tempo para ir no cabelereiro eles sempre têm.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Inutilidade Pública

Já viram o Runpee? Um site daqueles geniais de sucesso imediato.
Antes de ir ao cinema, entre nele e consulte quais partes dos filmes você pode ir ao banheiro sem perder nada de relevante.
Aqui você vê o exemplo dos pontos onde pode ir ao banheiro durante o novo Transformers:



Quem disse que só tem coisa inútil na internet?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Propaganda com Martin Scorsese

Um comercial genial do American Express com o Scorsese. Na época que foi lançado algumas pessoas torceram o nariz reclamando: Como pode um gênio da sétima arte se vender assim a um comercial de cartão de crédito? Ora, cada um faz o que quer. Ainda mais no caso dessa propaganda, que fez de forma brilhante.

domingo, 9 de agosto de 2009

Michael Mann, O Último dos Autores


Por Cássio Starling Carlos

A ideia de autor no cinema, consolidada pela crítica francesa nos anos 50, costuma ter resultados nefastos quando adotada na correria e sem precaução. Já naquela época, certos autores cultuados pela tropa de choque dos “Cahiers du Cinéma” riam da obsessão dos franceses em catalogar e distinguir os que consideravam “artistas” dos que tratavam como meros “artesãos”.

Mais de meio século se passou e ainda testemunhamos diretores prestes a serem convertidos em “autores” terem de lidar com precaução diante dos efeitos nem sempre positivos associados a essa distinção. O caso mais recente é o de Michael Mann, que no mês passado teve sua obra elevada olimpicamente ao lugar de honra da mais alta das distinções cinéfilas, uma retrospectiva na Cinemateca Francesa.

Cauteloso, Mann deu uma entrevista ao hábil Serge Kaganski, crítico do semanário francês “Les Inrockuptibles”, quando da estreia de seu “Inimigos Públicos” no qual se posiciona de modo contrário às leituras que a crítica vem fazendo da fase mais recente de seu trabalho. Além desses esclarecimentos úteis, Mann explicita seu interesse estético do uso do digital e põe pingos nos is em relação a interpretações demasiado simbólicas que acompanharam a recepção crítica de “Inimigos Públicos”.

Leia abaixo alguns trechos:

Pergunta – Como muitos de seus filmes, “Inimigos Públicos” conta mais uma vez uma história em que um tira persegue um gângster: dois homens posicionados de cada lado da barreira moral. Modo de sugerir que tais barreiras são movediças, imprecisas?

Michael Mann – Meu interesse é por pessoas, por seres humanos, não pelo que Edgar J. Hoover, o diretor do FBI de 1924 a 1972, chamava de o Bem e o Mal. O que movia Hoover era uma ambição monomaníaca que não tinha mais nada a ver com um sentido objetivo de justiça. Eu creio que essa maneira de ver o mundo em categorias bem definidas é um pouco ingênua. Os indivíduos têm motivações complexas. Já conceitos tais como a verdade, a justiça, reduzidos a noções simplistas à moda americana, são úteis apenas para as HQs.

Dillinger foi um ser humano em toda sua complexidade. Eu não vejo nele nem um monstro, nem um sociopata. A vontade dele era ser popular, ser amado pelas pessoas, encontrar o grande amor... Ele não era alguém sedento de sangue. Quando foi acusado de ter intencionalmente matado um tira em Indiana, ele sempre alegou ser inocente. De fato, ele matou o tira, mas no calor da ação. Ele não pretendia ser o Super-Homem. Mesmo quando estava no auge da celebridade e era manchete de jornais, ele continuou a preparar os assaltos com sobriedade e democraticamente, em acordo com seus cúmplices. Ele nunca se deixou cegar por sua atividade e pela celebridade de suas ações, sempre manteve cabeça fria. Um personagem de cinema deve guardar a mesma complexidade que uma pessoa de verdade. Os personagens unidimensionais me entediam.

Pergunta - O filme se passa durante a Depressão: crise do sistema bancário, guerra contra o inimigo público, o que evoca certos aspectos do presente... Por meio do gênero e suas convenções, poderíamos ver uma crítica aos anos Bush?

Mann – Você pode, claro, mas não foi essa minha intenção. Quando começamos a trabalhar no filme, a crise atual ainda não havia acontecido. Ao contrário, a economia parecia a pleno vapor. A pré-produção teve início em 2007, eu comecei a filmar no início de 2008, a Bolsa estava muito bem.

Pergunta - Mas não se pode impedir de traçar um paralelo entre a “guerra contra o crime” que você mostra no filme e a “guerra contra o terrorismo”...

Mann – Não, de fato, eu absolutamente não tentei estabelecer nenhum paralelo entre o passado e o presente. Esse tipo de procedimento não me interessa. Não vou ao cinema para receber uma mensagem, mas para viver uma experiência. E a melhor experiência para mim pode ser encontrada numa realidade alternativa. Com Dillinger, tentei conduzir o espectador até lá, na América dos anos 30. Não se tratava de modo algum de trazer os anos 30 e Dillinger para o presente. Os únicos detalhes históricos de meu filme são a invenção por Hoover da “guerra contra o crime”, o fato de ele ter apontado Dillinger como “inimigo público número 1”, e que isso tenha cativado os americanos. Quando rodávamos o filme, era a época das primárias nas eleições. Nós tínhamos para consulta os jornais de 1933. Qualquer que fosse o período que consultássemos, Dillinger era a personalidade mais conhecida dos EUA, logo depois do presidente. Apesar disso, apesar de toda aquela atenção, ele continuou a viver “normalmente”: ele saía, ia jantar em restaurante, ia a boates, assaltava bancos...

Pergunta - Você é um estilista, um formalista. Para você o estilo é mais importante que a história?

Mann – Um filme estiloso cuja história é fraca atrairá nossa atenção durante cinco minutos, não mais. Um cinema puramente formalista é algo imaterial, não tem nenhum sentido. Minha prioridade é contar uma boa história e fazer de tal modo que a história tenha um impacto no espectador. O estilo é o que torna esse impacto mais ou menos forte e a tarefa do realizador é encontrar o melhor meio de veicular o impacto mais forte. Ponto final. Para o estilo enquanto tal, eu não estou nem aí. Assim como estou me lixando para a maneira como as pessoas me percebem: como um artista ou um “entertainer”... Para mim, o crime capital de um realizador é se tomar por isso ou aquilo. Se me tornasse vaidoso e me observasse filmar, eu me condenaria a um fracasso certo e total! Pensar em seu próprio estilo não passa de sedução imatura.

Pergunta - De qualquer modo, o estilo tem um pouco de importância...

Mann – Certamente! Mas se eu filmasse uma sequência estilisticamente estonteante, mas inútil à totalidade do filme, eu a cortaria e a eliminaria sem hesitar.

Pergunta - Você se encontra na ponta do trabalho com ferramentas digitais. Qual é o impacto desse tipo de recurso no seu trabalho?

Mann – No caso de “Inimigos Públicos”, filmar em digital deu à imagem um sentido mais agudo ao realismo, como se fosse um aumento de realidade, mais intenso que a verdade. Fizemos testes comparativos entre a câmera com película e a digital. A clássica deu resultados bem bons, do tipo belo filme de época. A digital me proporcionava a sensação de estar vivo em 1933, de ser contemporâneo da época no filme, de quase poder tocar na gota d’água que cai no carro preto. Essa sensação de extrema realidade era a que eu buscava. Não queria que o público visse meu filme como um truque retrô. Era preciso que o espectador tivesse a sensação de viver na história. Eu sempre fico satisfeito quando um filme tem o poder de me fazer embarcar nele e me fazer abandonar a realidade prosaica da vida, fico embasbacado quando o cinema me faz mergulhar num filme como no fundo de uma piscina, adoro essa sensação... Esquecer o tempo, esperar que o filme, a experiência, não acabe rápido.

Pergunta – Na França, consideramos o realizador como o autor de um filme. Nos EUA, é sobretudo o produtor. Onde você se situa nesse debate?

Mann – As coisas não são, assim, tão estanques. Nos Estados Unidos, pode-se apropriar do poder do qual se tem necessidade. Basta se conhecer suficientemente bem, saber o que se quer, do que é preciso para fazer seu filme. Às vezes, é preciso assumir certos riscos se você quer ter o controle. Pessoalmente, eu controlo o “final cut” há não muito tempo. Mas também gosto de ouvir a opinião do pessoal dos estúdios porque eles são inteligentes, sensíveis. O arquétipo hollywoodiano segundo o qual o estúdio é malvado frequentemente é falso. Ninguém nunca me obrigou a mudar isso ou aquilo, mas às vezes me fizeram observações, sugestões com frequência interessantes. Vou mesmo mais longe: hoje, temos menos problemas trabalhando com um grande estúdio do que com um produtor independente. Com um independente você é obrigado a lidar com dez produtores, 15 conselheiros que se consideram artistas e toda essa merda. Com um grande estúdio, você trabalha com grandes caras. Um tornado lançou os cenários pelos ares? Você dá de ombros, mantém o rumo e o problema estará resolvido em alguns dias. Não choramingamos, não gememos, somos profissionais.

Em tempo: Joinville não passa Inimigos Públicos nos cinemas. Mas Brusque sim. BRUSQUE! É a gota d´água. Chega.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Serious Man

Aprendam a fazer um trailer com os irmãos Coen.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cannibal Holocaust

Tem gente que volta de férias.
Eu volto de trabalho (2 semaninhas intensas).

Sempre deixei explícito aqui o meu gosto pelos mockumentaries (documentários falsos). Principalmente os que caem para o humor, como Zelig, Spinal Tap e Borat. Mas tem também uma linha bem eficaz que é a do terror como Cloverfield, Bruxa de Blair e o assunto desse tópico, CANNIBAL HOLOCAUST (1980).


O filme é um clássico do terror gore dirigido pelo seguidor do neo-realismo italiano, Ruggero Deodato, que queria fazer uma sátira à exploração da violência pela mídia e fazer seu mentor Roberto Rosselini feliz.
E assim fez sua obra-prima sobre antropólogos que vêm a América do Sul fazer um documentário sobre tribos canibais na Amazônia. Claro que os pesquisadores são devorados vivos (ou quase isso) e as filmagens foram encontradas seis meses depois. Deodato nunca afirmou que seu filme era um documentário, mas com sua técnica de filmagem do cinema verdade e maquiagem beirando a perfeição causou furor pelo mundo, tendo sua exibição proibida em praticamente todos os lugares, sendo taxado de suff film. Pra piorar, Deodato pediu aos atores que sumissem por um tempo para dar mais realismo ao universo criado pelo filme.

Resultado: Um juiz de Milão não tem lá grande olhar cinematográfico e achou que tudo era verdade. O diretor sofreu acusação de homicídio. Para evitar a prisão teve que caçar seus atores escondidos, mostra-los ao público junto com seus contratos e revelar as técnicas de filmagem e maquiagem.

O filme ainda é proibido em muito países, em grande parte por cenas de animais sendo mortos como essa:




Essa experiência toda ensinou uma lição importante para Deodato:

"NÃO FAÇA SUA SÁTIRA TÃO EFETIVA!"


Abaixo a cena final onde os produtores acabam de assistir o copião e saem decepcionados. Reparem na fala do produtor carregada de crítica social, que encerra o filme com chave de ouro.



Clássico!