terça-feira, 30 de setembro de 2008
Because I´m free...
Lista pessoal de Paul Newman
Filme favorito:
"A cor do dinheiro"
Melhor parceria em tela:
"Robert Redoford, lógico"
Melhores frases:
"You can't be as old as I am without waking up with a surprised look on your face every morning: 'Holy Christ, whaddya know - I'm still around!' It's absolutely amazing that I survived all the booze and smoking and the cars and the career."
"I'd like to be remembered as a guy who tried - who tried to be part of his times, tried to help people communicate with one another, tried to find some decency in his own life, tried to extend himself as a human being. Someone who isn't complacent, who doesn't cop out."
"I would like it if people would think that beyond Newman, there's a spirit that takes action, a heart, and a talent that doesn't come from my blue eyes."
"A man with no enemies is a man with no character."
"Being on President Nixon's enemies list was the highest single honor I've ever received. Who knows who's listening to me now and what government list I'm on?"
"I don't think there's anything exceptional or noble in being philanthropic. It's the other attitude that confuses me."
"I never ask my wife about my flaws. Instead I try to get her to ignore them and concentrate on my sense of humor. You don't want any woman to look under the carpet, guys, because there's lots of flaws underneath. Joanne believes my character in a film we did together, 'Mr. and Mrs. Bridge' comes closest to who I really am. I personally don't think there's one character who comes close . . . but I learned a long time ago not to disagree on things that I don't have a solid opinion about."
"Joanne has always given me unconditional support in all my choices and endeavors, and that includes my race car driving, which she deplores. To me, that's love."
Paul Newman (1925 - 2008)
terça-feira, 23 de setembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Cinema Arte X Cinema Entretenimento
Texto do Jorge Coli na caderno Mais da Folha desse domingo:
Inácio Araujo, com seu sentido certeiro das formulações, escreveu outro dia em uma de suas críticas na Ilustrada: "Mas, ainda assim, não mais que um "filme de arte'".
É uma frase que abala convenções. Se fosse "não mais que um blockbuster" ou "não mais que um filme de shopping", tudo pareceria coerente. Do jeito que ficou, tem o aspecto de uma contradição: a noção "filme de arte", em princípio, elevada, foi percebida como pejorativa.
É que o chamado filme de arte deixou de ser o campo da invenção e da ousadia, como era percebido até algumas décadas atrás. Existe agora uma concepção preestabelecida que enquadra "filme de arte", com algumas receitas mais ou menos explícitas.
Passou a existir o academismo do "filme de arte". Ele cumpre parâmetros e se submete a convenções implícitas, que restringem o espírito criador em benefício de um trabalhinho bem feito.
A razão principal não é cinematográfica.
Ela formou-se a partir de um pacto entre público e diretores culturalmente sofisticados, pacto que se estabelece por meio de sinais exteriores de reconhecimento, espécie de feromônios sem cheiro. Tudo isso substitui a criação cinematográfica mais autêntica.
Os filmes resultam cheios de bons sentimentos, os temas são definidos de antemão como profundos; têm boa iluminação, boa filmagem, boa montagem. Os espectadores se encantam com algumas metáforas fáceis ou alusões que se querem densas.
No fim, sai do cinema levemente entediado, mas com a satisfação de um dever cultural cumprido. Tudo isso é bastante simbólico e meio cerimonial.
Cismas
Cinema é uma arte, e a noção "cinema de arte" não é um título de nobreza, mas um pleonasmo. Ninguém consegue dizer de onde vai brotar a criação artística.
Clint Eastwood, que nasceu de um cruzamento entre filmes baratos de Hollywood e o western spaghetti, tornou-se um artista maior na história do cinema. As seqüências dos "Alien", dos "Batman", para além da discussão sobre cada filme, formam magníficas sagas. É bobagem multiplicar os exemplos: um filme não é bom apenas porque é "de arte" ou ruim porque blockbuster.
Inferno
A sensação de tédio, nada boa em princípio, pode, curiosamente, ter um papel valorizador no campo da arte. É um fenômeno perverso. Espera-se das obras que elas ofereçam prazeres superiores, mas não muito bem definidos, que elas tragam revelações preciosas, que agucem a sensibilidade.
Em nome deles, suporta-se estoicamente o tédio, imaginando-se que, de algum modo, a recompensa virá mais tarde. Muita gente faz uma distinção nítida entre arte e divertimento, como se divertir com arte fosse quase um pecado.
Existe, por sinal, uma história filosófica desse pecado, que Hans Robert Jauss retraçou em sua "Pequena Apologia da Experiência Estética".
Delícia
A cultura norte-americana, com sua forte pregnância classificatória, insiste muito na separação entre "art" e "entertainment". Simplificando: se é arte, é chato, se é gostoso, não é arte. Esse jogo preconceituoso é péssimo: ele faz engolir gato por lebre e recusar lebre por gato. Há certas obras que são apaixonantes, mas consideradas difíceis.
É que o espectador não encontrou as boas chaves para elas. Procurá-las é um desafio: dificuldade não quer dizer tédio, mas estímulo. As artes foram feitas para oferecer prazeres dos tipos e gêneros diversos. Se eu me aborreço, é que alguma coisa está errada.
Inácio Araujo, com seu sentido certeiro das formulações, escreveu outro dia em uma de suas críticas na Ilustrada: "Mas, ainda assim, não mais que um "filme de arte'".
É uma frase que abala convenções. Se fosse "não mais que um blockbuster" ou "não mais que um filme de shopping", tudo pareceria coerente. Do jeito que ficou, tem o aspecto de uma contradição: a noção "filme de arte", em princípio, elevada, foi percebida como pejorativa.
É que o chamado filme de arte deixou de ser o campo da invenção e da ousadia, como era percebido até algumas décadas atrás. Existe agora uma concepção preestabelecida que enquadra "filme de arte", com algumas receitas mais ou menos explícitas.
Passou a existir o academismo do "filme de arte". Ele cumpre parâmetros e se submete a convenções implícitas, que restringem o espírito criador em benefício de um trabalhinho bem feito.
A razão principal não é cinematográfica.
Ela formou-se a partir de um pacto entre público e diretores culturalmente sofisticados, pacto que se estabelece por meio de sinais exteriores de reconhecimento, espécie de feromônios sem cheiro. Tudo isso substitui a criação cinematográfica mais autêntica.
Os filmes resultam cheios de bons sentimentos, os temas são definidos de antemão como profundos; têm boa iluminação, boa filmagem, boa montagem. Os espectadores se encantam com algumas metáforas fáceis ou alusões que se querem densas.
No fim, sai do cinema levemente entediado, mas com a satisfação de um dever cultural cumprido. Tudo isso é bastante simbólico e meio cerimonial.
Cismas
Cinema é uma arte, e a noção "cinema de arte" não é um título de nobreza, mas um pleonasmo. Ninguém consegue dizer de onde vai brotar a criação artística.
Clint Eastwood, que nasceu de um cruzamento entre filmes baratos de Hollywood e o western spaghetti, tornou-se um artista maior na história do cinema. As seqüências dos "Alien", dos "Batman", para além da discussão sobre cada filme, formam magníficas sagas. É bobagem multiplicar os exemplos: um filme não é bom apenas porque é "de arte" ou ruim porque blockbuster.
Inferno
A sensação de tédio, nada boa em princípio, pode, curiosamente, ter um papel valorizador no campo da arte. É um fenômeno perverso. Espera-se das obras que elas ofereçam prazeres superiores, mas não muito bem definidos, que elas tragam revelações preciosas, que agucem a sensibilidade.
Em nome deles, suporta-se estoicamente o tédio, imaginando-se que, de algum modo, a recompensa virá mais tarde. Muita gente faz uma distinção nítida entre arte e divertimento, como se divertir com arte fosse quase um pecado.
Existe, por sinal, uma história filosófica desse pecado, que Hans Robert Jauss retraçou em sua "Pequena Apologia da Experiência Estética".
Delícia
A cultura norte-americana, com sua forte pregnância classificatória, insiste muito na separação entre "art" e "entertainment". Simplificando: se é arte, é chato, se é gostoso, não é arte. Esse jogo preconceituoso é péssimo: ele faz engolir gato por lebre e recusar lebre por gato. Há certas obras que são apaixonantes, mas consideradas difíceis.
É que o espectador não encontrou as boas chaves para elas. Procurá-las é um desafio: dificuldade não quer dizer tédio, mas estímulo. As artes foram feitas para oferecer prazeres dos tipos e gêneros diversos. Se eu me aborreço, é que alguma coisa está errada.
sábado, 20 de setembro de 2008
TOP 5 FILMES INSUPORTÁVEIS - PARTE 1
Adoro listas.
Inspirado pela lista da Gabriela pensei em como fazer uma lista tão útil quanto.
Pensei, pensei e pensei.
Como um cinéfilo pode ajudar outras pessoas com seus conhecimentos?
Já sei!
Economicamente.
Como assim?
Veja bem... Visto que todo mundo assiste filmes e é um lazer não lá muito barato, posso ajudar os outros indicando filmes para os outros NÃo assistirem e assim usar esse dinheiro economizado para coisas mais produtivas.
Assim aqui vai a lista dos
TOP 5 FILMES INSUPORTÁVEIS - PARTE 1
Sim, são filmes que me trouxeram ódio, asco e tendências autoflagelantes.
Só assistam por curiosidade mórbida, desenvolvimento de métodos de meditação e para tentar divertir-se bolando adjetivos pejorativos sobre eles.
Lá vai. Em ordem decrescente de urticárias
1 - PALAVRA E UTOPIA (Manoel de Oliveira)
2 - ELOGIO AO AMOR (Goddard)
3 - LIMITE (Mario Peixoto)
4 - A ÚLTIMA TEMPESTADE (Peter Greenaway)
5 - TEOREMA (Pasolini)
Em breve mais desse novo serviço público.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
STALLONE COBRA (dublado, lógico)
Um dos maiores filmes já dublados na história dos clássicos involuntários.
Frases como:
"Você é a doença, eu sou a cura",
"Com louco eu não negocio, eu mato"
e o monólogo definitivo dos filmes de ação:
"Cretino. Você adora dar tiro. Eu odeio gente assim. Você é um imaturo. Você é um... cocô. Eu vou matar você"
já fazem parte da cultura pop e do imaginário do cinéfilo brasileiro abençoado com dublagens inspiradas. Digo inspiradas pois nem 10% do que é dito tem a ver com as falas originais.
Filme para assistir muitas vezes e reparar nos nuances de interpretação de um durão de bom coração. Stallone na melhor forma. Mesmo dublada.
Por exemplo a última vez que assisti reparei mais um momento lindo e sutil, digno dos grandes atores. Reparem no video abaixo, aos 43 segundos, quando o chefe do Cobra solta um clichê lindo:
"Eu não concordei com sua vinda pra cá. Só quero que você saiba disso".
Stallone respira, olha para o lado e solta um "Tá". Poucos atores expressam tanto com tão pouco.
E em 2:35, quando Cobra cerca o bandido do supermercado pelo corredor de congelados e tem um senhor numa cadeira do rodas cobrindo o rosto de pavor, como se ele não chamasse atenção o bastante
Assista e reassista essa sequência mágica, então assista o filme inteiro e ache suas próprias cenas clássicas. Acredite, não são poucas.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
O Efeito Kuleshov
Uma das coisas mais bacanas que já vi na história do cinema foi o "Efeito Kuleshov".
Kuleshov foi um cineasta russo que fez um experimento superestimado na época (em 20 e pouco) mas bem útil para estudos de cinema até os dias atuais. Ele pegou um ator (Ivan Mouzzhukin) e filmou seu rosto sem dirigi-lo, com expressão neutra. Depois ele pegou outras cenas e justapôs com sua reação criando reações afetivas artificiais para as imagens. Por exemplo:
Criança + Mouzzhukin = Ternura.
Mulher num caixão + Mouzzhukin = Tristeza.
Prato de comida + Mouzzhukin = Fome.
Esse jogo de imagem contamina o espectador que se envolve com a justaposição e acredita que o ator muda a expressão de plano para plano.
"Nossa! Olha a sutileza do olhar dele demostrando ternura! Uau! Olha a expressão de tristeza contida! Caramba! Que demonstração de fome!"
Enfim. Cinema é mentira.
E o que não é?
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