sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Kill Bill - Volume 1



Encontrei uma crítica que fiz para uma revista de locadora uns anos atrás pro Kill Bill.

Acho meio sacal texto que explica o filme todo preparando o espectador para vê-lo. Prefiro escrever pra quem já viu ou até pra quem não quer ver. Mas as vezes temos que cair na mesmice em prol do tal jornalismo informativo.

É legal ver o quanto melhoramos (ou não) nossa escrita com o passar dos anos.


"Bruce Lee, Sergio Leone, Shaw Bros, Hatori Hanzo, Animes, Chopsploitation são algumas das milhares de referências externas e internas que nos traz Kill Bill Volume 1, do diretor, roteirista, nerd e podófilo (não confundir com pedófilo) Quentin Tarantino, diretor de Pulp Fiction, e Cães de Aluguel. Se você não sacou algumas das citadas, não se preocupe, pois elas são enfeites dentro da narrativa, e não os verdadeiros motivos pelos quais você irá adorar o(s) filme(s). O filme foi dividido em duas partes para que não precisassem cortar nada importante dele em função da duração total (algo em torno de 3 horas e meia. A primeira parte mostra a história da vingança de uma noiva-grávida-assassina-profissional (Uma Thurman) que é brutalmente atacada por Bill (David Carradine,da extinta tele-série Kung Fu) e sua gangue conhecida como DiVAS (Deadly Viper Assassination) em pleno altar. Fica em coma por 4 anos e volta para acertar as contas com o sujeito e sua gangue outrora parceira. Já vimos essa história antes? Provavelmente. A questão não é qual história é contada e sim como. Nesse caso Tarantino utiliza de uma narrativa não-linear cronologicamente, com intenções bem delineadas, insere animação japonesa mas não apenas por ser uma opção “cool” . Se a história fosse contada linearmente, ou seja, com começo, meio e fim remetendo a nossa realidade, desencadearia uma série de reações no espectador que não seriam necessárias. Aliás, muito parece ser desnecessário. Isso tudo causa um estranhamento e distancia o espectador um pouco da identificação com a personagem. Afinal todos os motivos serão esclarecidos no Volume 2. O envolvimento que temos com a obra é puramente contemplativa, com cenas de luta fantásticas (coreografada pelo chinês alucinado Yuen Wo-Ping, de Matrix e O Tigre e o Dragão), diálogos bacanas, fotografia caprichada e conceituada sobre os filmes de luta de Hong Kong e faroeste italiano e uma trilha sonora espetacular que assim como nos filmes de Cameron Crowe (Quase Famosos, Vida de Solteiro) as cenas parecem serem pensadas a partir de uma música já pré-estabelecida. Não só a relação com a música, mas com as muitas homenagens dentro do filme, parece que muitas cenas são desculpas para encher a tela de cultura pop. O cineasta Jean-Luc Godard desde os anos 60 relacionava o filme com outras artes inserindo cultura erudita na película e quebrava com paradigmas dentro do cinema. No caso de Tarantino, a inserção de referências é pura homenagem, sem pretensão nenhuma, apenas entretenimento para todos. Desde os que captam as mensagens até os que não reparam nelas. Assim é muito mais democrático e digerível. O que Godard desconstruiu com a cultura erudita no cinema europeu, Tarantino construiu com a cultura pop no cinema hollywoodiano. Pena que todos esses aspectos de certa forma positivos foram ignorados por boa parte da crítica, que acusam o filme de ser violento. Ele é visceral, não necessariamente violento. Até a crueza e o aparente descaso estético de alguns momentos são propositais. Todas as lutas são estilizadas, exageradas e engraçadas. Nada remete ao real. O filme se tiver que representar alguma realidade para nos identificarmos, essa realidade não pertence a esse mundo. Não tem como levar a sério. “Cães de aluguel”, segundo o próprio diretor, é muito mais violento por ser mais realista e a identificação com os personagens ser mais plausível. Em Kill Bill centenas de litros de sangue são jorrados, corpos são cortados ao meio, cabeças explodem, membros voam, mas tudo sem causar repulsa e sim arrancando risadas e aplausos. Seja para se divertir bastante, apreciar uma belíssima trilha sonora, uma grande direção, movimentos de câmera que vão do tosco ao sublime, excelentes interpretações ou para identificar uma chuva de referências de cultura pop (recurso rejeitado estranhamente pelos filmes brasileiros), vale a pena ver esse filme tão igual a vários outros nele referenciados, mas melhor que todos juntos."



De interessante mesmo achei minha comparação do Tarantino com o Godard e a citação do estilo Cameron Crowe.

Ah, e o filme continua bom desde então.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

The Colonel

Trailer falso do fanfarrão Mel Gibson contando a história do criador do KFC (Kentucky Fried Chicken). É bom saber que apesar de alcólatra, anti-semita, fundamentalista religioso e débil mental, o cara tem senso de humor.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Balanço do Oscar




Pela primeira vez em uns 15 anos não assisto a cerimônia.
Dizem que foi bacana e evolui em relação as anteriores.
De qualquer forma aqui está o resultado do meu chutômetro.
11 de 24. Uma piada. Reflexo de uma cidade média brasileira cujo cinema não serve nem pra passar filmes oscarizáveis, quem dirá filmes que prestam fora do circuito.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

This is Spinal Tap e o "Mockumentary"




Nós cinéfilos e roqueiros comemoramos esse ano 25 anos do clássico "This is Spinal Tap", do Carl Reiner, obra fundamental do cinema "mockumentary" (mock, em inglês, significa zombar, fazendo uma brincadeira com o nome “documentário” e sua popular idéia de realismo), uma espécie de subgênero dos documentários, que levanta várias questões importantes como: o que é documentário, como o documentário muda em relação ao contexto e a espectativa do espectador, o que é verdade no cinema, como a verdade se dá em estratégias formais, como o documentário é usado para desfazer a realidade, autoridade, o documentário em si e assim por diante. O mockumentary é aquele que é propositadamente trabalhado para enganar o espectador, que assim interage com a obra como se fosse um documentário. Isso é dado através da aplicação de códigos cinematográficos e as suas assossiações com a percepção e a recepção do espectador do documentário como estilo.

Ao mesmo tempo, o mockumentary precisa fornecer pistas, estratégias ou indicações que ele mesmo não passa de uma farsa. Sem isso, o filme seria percebido como um documentário, mesmo que ele tenha sido forjado na verdade. O mockumentary é dado como uma vanguarda pós-moderna e pós-estruturalista apesar de ter ganho o mainstream com o filme “A Bruxa de Blair”, filme que transcende a experiência do espectador com o filme quando ele é divulgado na Internet como história real. Muito do seu sucesso se dá ao fato de que grande parte dos espectadores não sabia que o filme, apesar da forma claramente documental é na verdade um mockumentary. O filme é vendido como um documentário de terror, algo supostamente inédito e muito mais assustador, devido à recepção do espectador ao formato realista do filme documental ser mais forte na identificação com as imagens no que num filme claramente ficcional.

No filme “This is Spinal Tap” o artifício do documentário falso é usado para a sátira. O filme é um documentário sobre uma banda de rock dos anos 70 lidando com o seu sumiço da mídia e seus excessos e tentando dar a volta por cima reunindo seus integrantes anos depois do seu quase final. O filme é recheado de cenas antológicas como o cenário inspirado em Stonehenge versão minimundo, o baixista preso no casulo, as apresentações fim de carreira e claro o amplificador que vai até o "11".





O filme entra para história por trancender a comédia, o rock e até mesmo o cinema. A maior parte do público, sem saber que os integrantes da banda eram na verdade atores, não valorizou o filme. Já uma pequena parcela, a que sabia de antemão ou percebera durante a projeção a brincadeira de Reiner e seus músicos estranhos, transformaram o filme em “cult”, projetando a banda “Spinal Tap” para fora dos limites do filme, chegando a gravar discos e sair em turnê mundial. Este ano planejam gravar um acústico: "Unwigged, Unplugged and Undead", algo como "Desperucados, Desplugados e Desmortos". Longa vida ao rock! Não importa seus meios (e qualidade).

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Se os posters falassem a verdade

Belo trabalho do Holy Taco.
Quando a função da publicidade no cinema é muitas vezes mentir, a verdade acaba vindo à tona.