terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Viva Bad Santa!

Já falei dele algumas vezes aqui, mas enquanto não fizerem um filme natalino superior, ele será carinhosamente mencionado.

Aqui vai uma homenagem-coletânea de todos os "fucks" à la Scarface.



Simplesmente irresistível.

Merry Fucking Christmas!

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aulas com Batman

O que Batman faz enquanto espera pra rodar o terceiro filme?
Sim, faz video-aulas para a internet.

How To, Batman! - How To Brush Your Teeth!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

David Lynch em Star Wars


Achei esse video do David Lynch contando a história do convite que George Lucas fez para ele para dirigir Star Wars Episódio V - O Império Contra-Ataca. Tempos atrás fiz um post sobre "Os melhores filmes de aventura jamais feitos" e até hoje me pego imaginando que maravilha seria.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Top 10 anos 00

Como está chegando o final de ano e também o final da década, começam a pipocar listas dos melhores desses 10 primeiros anos do século 21. Como tiveram muitos grandes filmes, vou fazer uma lista um pouco mais difícil afunilar minhas escolhas.

Aqui vai uma lista de melhores filmes da década, por ano (sei que a década começou pra valer em 2001 e vai até 2010, mas quem se importa?):

2000 - Quase Famosos / Réquiem para um Sonho (empate técnico)



2001 - Os Excêntricos Tenenbaums



2002 - Cidade de Deus



2003 - Old Boy (Oh dae Su!!! Midooooo!!!)




2004 - Brilho Eterno de uma mente sem lembranças (disparado o melhor da década)



2005 - Munique (subestimado)



2006 - Borat (wa wa wee wa)



2007 - Sangue Negro



2008 - Wall-E



2009 - Guerra ao Terror

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Top 30 melhores falas finais de filmes.

Achei uma lista interessante das 30 melhores falas finais de filmes.

A minha favorita de todos os tempos é do Dr Strangelove, e claro não tá nessa lista:



Mein Fuhrer! I can walk!

O resto da lista você vê aqui.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Aprendendo Cinema com Werner Herzog



Do UOL.

Encerraram-se sexta feira as inscrições para a única escola de cinema que Werner Herzog tolera: a que foi criada por ele mesmo. Não fiquem muito decepcionados: as chances de conseguir entrar na Rogue Film School eram extremamente reduzidas, porque, das “centenas” de candidatos Herzog vai escolher apenas 10, talvez 20, “Vai ser apenas um longo fim de semana num hotel em Los Angeles, onde vou compartilhar o que sei sobre técnica de cinema – não a teoria, mas a prática, cinema como modo de vida, cinema de guerrilha.” O candidato ideal, diz Herzog “é provavelmente um leão de chácara num clube de swing e não um cara que sabe de cor teoria cinematográfica”. O currículo vai incluir “a obra de Virgílio e técnicas de arrombamento de portas, muito úteis na nossa profissão. Quem tiver coragem de passar esses quatro dias comigo terá uma experiência inesquecível”.


Lembremos que o Herzog é o cara que deu um tiro de espingarda no seu ator fetiche, o Klaus Kinski, num acesso não incomum de raiva.



E também comeu um sapato (!)


Ah sim. Ele fez Aguire, Fitzcarraldo, O Enigma de Kasper Hause, Nosferatu (a refilmagem), Cobra Verde, O Homem Urso, entre outros clássicos.

Eu trocaria fácil pelo menos metade dos meus 4 anos de faculdade de cinema por dois dias com o cara.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Títulos de filmes em Portugal



Brilhantes esses lusos!

E a gente reclama dos nossos títulos...


Eu, Tu e o Emplastro (You, Me and Dupree, 2006).

O Rei dos Gazeteiros (Ferris Bueller’s Day Off, 1986).

A Mulher que Viveu Duas Vezes (Vertigo, 1958).

O Homem que Veio do Futuro (Planet of the Apes, 1968).

Viram-se Gregos para Casar (My Big Fat Greek Wedding, 2002).

A Fúria da Razão (Dirty Harry, 1971).

Estás frito, meu! (Are we there yet?, 2005).

Memória à Flor da Pele (The Bourne Identity, 1988).

Tudo Bons Rapazes (Goodfellas, 1990).

Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos (Little Miss Sunshine, 2006).


E o último, que não consigo acreditar que seja verdade:

O Charreteiro Infernal (Ben-Hur, 1959)

Tá chegando

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Keanu Reeves é imortal



It´s only logical to assume that Keanu Reeves is either a vampire or immortal...

Durmam com esse barulho!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Claro que sim.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Um Lobisomem na Amazônia

Muita gente reclama das limitações de gênero e tema no cinema brasileiro.
Pudera, com filmes com potencial incrível como Um Lobisomem na Amazônia longe dos cinemas e do grande público, fica difícil conhecer essas pérolas. Vejam o trailer e surpreendam-se com tamanha qualidade. Tirando a narração ridícula que mata a graça do filme classificando-o como terrir (filme trash tem que ser levado a sério, senão perde o encanto), dá muita vontade de ver.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"Apenas uma vez"


Vi esse filme "Apenas uma vez", faz um tempo já. Ganhou Oscar de trilha sonora ano passado com a música "Falling Slowly". Teve um burburinho indie e fez sucesso, merecido. Fiquei estupefato com a trilha, com a direção, com o roteiro e principalmente com a cena da loja de música, onde o rapaz e a moça se conectam tocando a música oscarizada. Quem viu sabe. Cena poderosíssima. Daquelas que transcendem os sentidos e te deixa imóvel, fazendo perder qualquer noção de tempo/espaço e quando você menos percebe, já se sente parte da cena, da música e da arte.
Meses depois de assisti-lo, peguei ele passando na HBO e vi esta cena novamente. O impacto em mim foi exatamente o mesmo. Enfim, filme bom é assim mesmo. O resto é resto.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Não é fácil...

Ta chegando a hora da verdade.
O filme "Sábado que vem" vai ser rodado daqui a umas semanas.
Novembro estreia e depois é só correr pro abraço.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Swiss Spachetti Harvest

O provável primeiro mockumentary.
Essa raridade foi feita pela rede BBC para o 1 de abril de 1957.
Uma impagável reportagem sobre a colheita de espaguete na Suíça.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Paranormal Activity



Um filme assustador com câmera na mão pra dar mais realismo e medo?
É o mockumentary fazendo escola relacionando-se com vários gêneros. Já vimos algumas vezes isso antes com o terror em Holocausto Canibal, Bruxa de Blair, Cloverfield, REC e agora com esse Paranormal Activity, que segundo os produtores custou 11 mil reais (bem menos que Blair). O filme se passa numa casa (do próprio diretor, o estreante Oren Peli) onde um casal distribui câmeras pelos cômodos pra registrar os eventos paranormais que ocorrem por lá. Realmente é simples que dói, mas funciona que arde.

Veja o trailer com a reação da platéia.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Do outro lado da vida

Porque acreditar em vida após a morte pode ser confortante.




Patrick Swayze. 18/08/1952 - 14/09/2009

Spoilers

Grandes spoilers da história do cinema

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Coisas que aprendi com o Cinema

Só pra tirar o pó aqui do blog.


Lições aleatórias que aprendi com os filmes:

1. Seja gentil com os deficientes mentais e eles um dia sslvarão sua vida. - Os Goonies

2. Nunca confie num computador. - 2001: Uma Odisséia no Espaço

4. Nunca confie numa mulher. - Gosto de Sangue

12. Se você zoar o suficiente com o gordinho, ele vai surtar. - Nascido para Matar

13. Pense duas vezes antes de jogar sangue de porco na rainha do baile. - Carrie, a Estranha.

28. Nunca é tarde demais para Iggy Pop. - Quase Famosos

50. Um tapete pode compor muito bem uma sala. - O Grande Lebowski

61. Você não vai para a guerra com moedas nos bolsos. - Dr. Fantástico

63. Narração em off são sinais de fraqueza do roteirista. - Adaptação

64. Arte e a cena artística são uma fraude ridícula. - F For Fake (Verdades e Mentiras)

69. Você sabe como eu sei que você é gay? Você gosta de Coldplay. - O Virgem de 40 Anos.

94. Você não consegue reverter o odômetro andando de ré com o carro. - Curtindo a Vida Adoidado.

97. Não cruze os raios. - Os Caça-Fantasmas

98. "Foi ele quem começou" não é uma boa desculpa quando você começa uma chacina. - Rambo, Programado para Matar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Serviços Prestados

Post emprestado do Allan Sieber:

Desenho para uma mostra em homenagem ao Mestre Woody Allen. Além de ser grande fã dos seu humor finíssimo, respeito acima de tudo um cara que faz um filme por ano, faça chuva ou faça sol, ao contrário de seus colegas preguiçosos. É como essas bandas ou músicos idiotas de hoje, que demoram 3 anos para lançar um disco de 10 músicas - horríveis - e sempre aparentam estar cansadíssimos. Mas tempo para ir no cabelereiro eles sempre têm.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Inutilidade Pública

Já viram o Runpee? Um site daqueles geniais de sucesso imediato.
Antes de ir ao cinema, entre nele e consulte quais partes dos filmes você pode ir ao banheiro sem perder nada de relevante.
Aqui você vê o exemplo dos pontos onde pode ir ao banheiro durante o novo Transformers:



Quem disse que só tem coisa inútil na internet?

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Propaganda com Martin Scorsese

Um comercial genial do American Express com o Scorsese. Na época que foi lançado algumas pessoas torceram o nariz reclamando: Como pode um gênio da sétima arte se vender assim a um comercial de cartão de crédito? Ora, cada um faz o que quer. Ainda mais no caso dessa propaganda, que fez de forma brilhante.

domingo, 9 de agosto de 2009

Michael Mann, O Último dos Autores


Por Cássio Starling Carlos

A ideia de autor no cinema, consolidada pela crítica francesa nos anos 50, costuma ter resultados nefastos quando adotada na correria e sem precaução. Já naquela época, certos autores cultuados pela tropa de choque dos “Cahiers du Cinéma” riam da obsessão dos franceses em catalogar e distinguir os que consideravam “artistas” dos que tratavam como meros “artesãos”.

Mais de meio século se passou e ainda testemunhamos diretores prestes a serem convertidos em “autores” terem de lidar com precaução diante dos efeitos nem sempre positivos associados a essa distinção. O caso mais recente é o de Michael Mann, que no mês passado teve sua obra elevada olimpicamente ao lugar de honra da mais alta das distinções cinéfilas, uma retrospectiva na Cinemateca Francesa.

Cauteloso, Mann deu uma entrevista ao hábil Serge Kaganski, crítico do semanário francês “Les Inrockuptibles”, quando da estreia de seu “Inimigos Públicos” no qual se posiciona de modo contrário às leituras que a crítica vem fazendo da fase mais recente de seu trabalho. Além desses esclarecimentos úteis, Mann explicita seu interesse estético do uso do digital e põe pingos nos is em relação a interpretações demasiado simbólicas que acompanharam a recepção crítica de “Inimigos Públicos”.

Leia abaixo alguns trechos:

Pergunta – Como muitos de seus filmes, “Inimigos Públicos” conta mais uma vez uma história em que um tira persegue um gângster: dois homens posicionados de cada lado da barreira moral. Modo de sugerir que tais barreiras são movediças, imprecisas?

Michael Mann – Meu interesse é por pessoas, por seres humanos, não pelo que Edgar J. Hoover, o diretor do FBI de 1924 a 1972, chamava de o Bem e o Mal. O que movia Hoover era uma ambição monomaníaca que não tinha mais nada a ver com um sentido objetivo de justiça. Eu creio que essa maneira de ver o mundo em categorias bem definidas é um pouco ingênua. Os indivíduos têm motivações complexas. Já conceitos tais como a verdade, a justiça, reduzidos a noções simplistas à moda americana, são úteis apenas para as HQs.

Dillinger foi um ser humano em toda sua complexidade. Eu não vejo nele nem um monstro, nem um sociopata. A vontade dele era ser popular, ser amado pelas pessoas, encontrar o grande amor... Ele não era alguém sedento de sangue. Quando foi acusado de ter intencionalmente matado um tira em Indiana, ele sempre alegou ser inocente. De fato, ele matou o tira, mas no calor da ação. Ele não pretendia ser o Super-Homem. Mesmo quando estava no auge da celebridade e era manchete de jornais, ele continuou a preparar os assaltos com sobriedade e democraticamente, em acordo com seus cúmplices. Ele nunca se deixou cegar por sua atividade e pela celebridade de suas ações, sempre manteve cabeça fria. Um personagem de cinema deve guardar a mesma complexidade que uma pessoa de verdade. Os personagens unidimensionais me entediam.

Pergunta - O filme se passa durante a Depressão: crise do sistema bancário, guerra contra o inimigo público, o que evoca certos aspectos do presente... Por meio do gênero e suas convenções, poderíamos ver uma crítica aos anos Bush?

Mann – Você pode, claro, mas não foi essa minha intenção. Quando começamos a trabalhar no filme, a crise atual ainda não havia acontecido. Ao contrário, a economia parecia a pleno vapor. A pré-produção teve início em 2007, eu comecei a filmar no início de 2008, a Bolsa estava muito bem.

Pergunta - Mas não se pode impedir de traçar um paralelo entre a “guerra contra o crime” que você mostra no filme e a “guerra contra o terrorismo”...

Mann – Não, de fato, eu absolutamente não tentei estabelecer nenhum paralelo entre o passado e o presente. Esse tipo de procedimento não me interessa. Não vou ao cinema para receber uma mensagem, mas para viver uma experiência. E a melhor experiência para mim pode ser encontrada numa realidade alternativa. Com Dillinger, tentei conduzir o espectador até lá, na América dos anos 30. Não se tratava de modo algum de trazer os anos 30 e Dillinger para o presente. Os únicos detalhes históricos de meu filme são a invenção por Hoover da “guerra contra o crime”, o fato de ele ter apontado Dillinger como “inimigo público número 1”, e que isso tenha cativado os americanos. Quando rodávamos o filme, era a época das primárias nas eleições. Nós tínhamos para consulta os jornais de 1933. Qualquer que fosse o período que consultássemos, Dillinger era a personalidade mais conhecida dos EUA, logo depois do presidente. Apesar disso, apesar de toda aquela atenção, ele continuou a viver “normalmente”: ele saía, ia jantar em restaurante, ia a boates, assaltava bancos...

Pergunta - Você é um estilista, um formalista. Para você o estilo é mais importante que a história?

Mann – Um filme estiloso cuja história é fraca atrairá nossa atenção durante cinco minutos, não mais. Um cinema puramente formalista é algo imaterial, não tem nenhum sentido. Minha prioridade é contar uma boa história e fazer de tal modo que a história tenha um impacto no espectador. O estilo é o que torna esse impacto mais ou menos forte e a tarefa do realizador é encontrar o melhor meio de veicular o impacto mais forte. Ponto final. Para o estilo enquanto tal, eu não estou nem aí. Assim como estou me lixando para a maneira como as pessoas me percebem: como um artista ou um “entertainer”... Para mim, o crime capital de um realizador é se tomar por isso ou aquilo. Se me tornasse vaidoso e me observasse filmar, eu me condenaria a um fracasso certo e total! Pensar em seu próprio estilo não passa de sedução imatura.

Pergunta - De qualquer modo, o estilo tem um pouco de importância...

Mann – Certamente! Mas se eu filmasse uma sequência estilisticamente estonteante, mas inútil à totalidade do filme, eu a cortaria e a eliminaria sem hesitar.

Pergunta - Você se encontra na ponta do trabalho com ferramentas digitais. Qual é o impacto desse tipo de recurso no seu trabalho?

Mann – No caso de “Inimigos Públicos”, filmar em digital deu à imagem um sentido mais agudo ao realismo, como se fosse um aumento de realidade, mais intenso que a verdade. Fizemos testes comparativos entre a câmera com película e a digital. A clássica deu resultados bem bons, do tipo belo filme de época. A digital me proporcionava a sensação de estar vivo em 1933, de ser contemporâneo da época no filme, de quase poder tocar na gota d’água que cai no carro preto. Essa sensação de extrema realidade era a que eu buscava. Não queria que o público visse meu filme como um truque retrô. Era preciso que o espectador tivesse a sensação de viver na história. Eu sempre fico satisfeito quando um filme tem o poder de me fazer embarcar nele e me fazer abandonar a realidade prosaica da vida, fico embasbacado quando o cinema me faz mergulhar num filme como no fundo de uma piscina, adoro essa sensação... Esquecer o tempo, esperar que o filme, a experiência, não acabe rápido.

Pergunta – Na França, consideramos o realizador como o autor de um filme. Nos EUA, é sobretudo o produtor. Onde você se situa nesse debate?

Mann – As coisas não são, assim, tão estanques. Nos Estados Unidos, pode-se apropriar do poder do qual se tem necessidade. Basta se conhecer suficientemente bem, saber o que se quer, do que é preciso para fazer seu filme. Às vezes, é preciso assumir certos riscos se você quer ter o controle. Pessoalmente, eu controlo o “final cut” há não muito tempo. Mas também gosto de ouvir a opinião do pessoal dos estúdios porque eles são inteligentes, sensíveis. O arquétipo hollywoodiano segundo o qual o estúdio é malvado frequentemente é falso. Ninguém nunca me obrigou a mudar isso ou aquilo, mas às vezes me fizeram observações, sugestões com frequência interessantes. Vou mesmo mais longe: hoje, temos menos problemas trabalhando com um grande estúdio do que com um produtor independente. Com um independente você é obrigado a lidar com dez produtores, 15 conselheiros que se consideram artistas e toda essa merda. Com um grande estúdio, você trabalha com grandes caras. Um tornado lançou os cenários pelos ares? Você dá de ombros, mantém o rumo e o problema estará resolvido em alguns dias. Não choramingamos, não gememos, somos profissionais.

Em tempo: Joinville não passa Inimigos Públicos nos cinemas. Mas Brusque sim. BRUSQUE! É a gota d´água. Chega.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A Serious Man

Aprendam a fazer um trailer com os irmãos Coen.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Cannibal Holocaust

Tem gente que volta de férias.
Eu volto de trabalho (2 semaninhas intensas).

Sempre deixei explícito aqui o meu gosto pelos mockumentaries (documentários falsos). Principalmente os que caem para o humor, como Zelig, Spinal Tap e Borat. Mas tem também uma linha bem eficaz que é a do terror como Cloverfield, Bruxa de Blair e o assunto desse tópico, CANNIBAL HOLOCAUST (1980).


O filme é um clássico do terror gore dirigido pelo seguidor do neo-realismo italiano, Ruggero Deodato, que queria fazer uma sátira à exploração da violência pela mídia e fazer seu mentor Roberto Rosselini feliz.
E assim fez sua obra-prima sobre antropólogos que vêm a América do Sul fazer um documentário sobre tribos canibais na Amazônia. Claro que os pesquisadores são devorados vivos (ou quase isso) e as filmagens foram encontradas seis meses depois. Deodato nunca afirmou que seu filme era um documentário, mas com sua técnica de filmagem do cinema verdade e maquiagem beirando a perfeição causou furor pelo mundo, tendo sua exibição proibida em praticamente todos os lugares, sendo taxado de suff film. Pra piorar, Deodato pediu aos atores que sumissem por um tempo para dar mais realismo ao universo criado pelo filme.

Resultado: Um juiz de Milão não tem lá grande olhar cinematográfico e achou que tudo era verdade. O diretor sofreu acusação de homicídio. Para evitar a prisão teve que caçar seus atores escondidos, mostra-los ao público junto com seus contratos e revelar as técnicas de filmagem e maquiagem.

O filme ainda é proibido em muito países, em grande parte por cenas de animais sendo mortos como essa:




Essa experiência toda ensinou uma lição importante para Deodato:

"NÃO FAÇA SUA SÁTIRA TÃO EFETIVA!"


Abaixo a cena final onde os produtores acabam de assistir o copião e saem decepcionados. Reparem na fala do produtor carregada de crítica social, que encerra o filme com chave de ouro.



Clássico!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Colin Vive




Lembram do Colin? O filme de zumbi de 74 dólares?

Pois é. Tem novidades. Vi no UOL. Segue abaixo:


Um filme de terror que custou apenas US$ 74 (cerca de R$ 140) para ser produzido vai ser exibido nacionalmente na Grã-Bretanha.

Colin, a história de um homem que é mordido por um zumbi, morre e volta como morto-vivo para comer pessoas, foi filmado com uma câmera amadora portátil por Marc Price e um grupo de amigos.

Em entrevista à BBC Brasil, Price (que além de autor do roteiro também é o diretor e produtor do filme) disse que a ideia nasceu de uma brincadeira despretensiosa entre amigos e que nem sonhava com a repercussão que o filme está tendo.

Colin foi exibido em um festival de filmes de terror no País de Gales e acabou chamando a atenção dos organizadores, que recomendaram a produção a uma agente.

Para a surpresa do diretor, o filme acabou sendo exibido no Festival Cannes e recebeu uma oferta para distribuição na Grã-Bretanha.

"O que me deixa realmente feliz é pensar que esse filme pode inspirar outros a fazerem a mesma coisa, abrindo um mundo de possibilidades para pessoas criativas", disse.

"Hoje em dia, alguns celulares têm câmeras de alta definição, então é perfeitamente possível fazer um filme usando apenas um telefone".

Orçamento baixo

Colin foi filmado no País de Gales e na Inglaterra. A produção durou 18 meses. Enquanto editava o filme, Marc Price, de 30 anos, trabalhava para uma empresa de entregas em Londres.

Artista gráfico sem formação específica em cinema, Price disse que aprendeu muito do que sabe sobre filmes ouvindo depoimentos de diretores em DVDs.

"Com essa incrível revolução digital, muita gente se esquece de que as velhas técnicas de cinema ainda se aplicam".

Price disse que já está trabalhando em seu próximo filme e que vai tentar manter o orçamento baixo. A produção, no entanto, certamente não vai custar os mesmos US$ 74.

Colin chega aos cinemas britânicos em outubro, para coincidir com a festa do Halloween. A assessoria de Price informou que o filme será exibido também em São Paulo, no Festival Curta Fantástico, que será realizado em novembro.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

C'était un rendezvous

Lembram daquele clipe do Snow Patrol - Open your eyes, o qual vemos a subjetiva de um carro andando a milhão por paris, sem cortes, até que ele pára, o motorista desce e abraça uma garota que o espera?



Pois é. Fiquei sabendo agora a pouco que na verdade essa sequência toda é de um curta do Claude Lelouche, de 1976 chamado C'était un rendezvous (Foi um encontro). Quando vi o clipe do Snow Patrol achei que a produção era original, simples e tecnicamente nada inovador. Metido a cool, no máximo. Mas ao saber que a produção é de 30 e poucos anos atrás e um experimento de cinema-verdade a coisa mudou de perspectiva. Ainda mais ao saber que o Lelouch amarrou a câmera de 35 mm (um trambolho complicado, não as câmeras digitais de hoje) na frente de uma Mercedez e por não ter permissão para rodar em todas aquelas ruas de Paris, fez isso às 5 da manhã atravessando sinal vermelho, ao redor do Arco do Triunfo, Champs-Élysées, na contra-mão, sobre calçadas e a 180 Km/h. O único truque no filme foi substituir o som da Mercedez por de uma Ferrari para dar mais efeito. No final do passeio, todo a aventura se revela como a pressa do amante para encontrar a amada. Foi um encontro. Depois da primeira projeção do curta, Lelouch foi preso por botar em risco a segurança pública. Viva o cinema verdade!

Eis o curta na íntegra:

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"O que eu aprendi", por Francis Ford Coppola


A revista Esquire tem uma sessão bem interessante chamada "What I´ve learned", onde diversas celebridades soltam frases aleatórias sobre suas carreiras, experiências e memórias em geral. Gostei da do Coppola e traduzo livremente abaixo alguns trechos:

Quando eu tinha 16 ou 17 anos, Eu queria ser um escritor. Eu queria ser um dramaturgo. Mas tudo o que eu escrevia era fraco. E eu consigo me lembrar de adormecer chorando porque eu não tinha talento que eu queria ter.

Você já assistiu Rushmore (Três é demais, de Wes Anderson)? Eu era como aquele garoto.

Eu tinha vinho na mesa o tempo todo. Mesmo quando criança a gente podia tomar. Nós misturávamos com gengibirra ou soda.

Eu fiz algo terrível pro meu pai. Quando tinha 12 ou 13 anos, eu trabalhava no correio. E eu sabia que o nome do chefão do departamento de música da Paramount era Louis Lipstone. Então eu escrevi "Querido Senhor Coppola: Nós o selecionamos para escrever uma trilha sonora. Por favor venha para Los Angeles imediatamente para começar o serviço. Sinceramente, Louis Lipstone". E eu entreguei de bicicleta. Meu pai ficou tão feliz. Então tive que contar que era mentira. Ele ficou furioso. Naqueles tempos, crianças apanhavam. Com cinto. Eu sei por que eu fiz aquilo: Eu queria que ele recebesse aquele telegrama. Nós fazemos boas que são ruins.

Pessoas acham que o pior filme que eu fiz foi Jack. Mas hoje, quando eu vejo os filmes que fiz, Jack é um dos melhores. Ninguém sabe disso. Se as pessoas o odeiam, elas odeiam. Eu só queria trabalhar com o Robin Williams.

Eu nunca fui desleixado com o dinheiro dos outros. Só com o meu. Porque eu acho que posso.

Eu tenho mais imaginação fértil que eu tenho talento. Eu cozinho idéias. É apenas uma característica.

Eu admiro muito pessoas como Woody Allen, que todo ano escrevem um roteiro original. É impressionante. Eu sempre quis poder fazer isso.

Fazer bem feito é ser abundande. Essa é minha tendência. Se eu cozinho uma refeição, eu cozinho muito e muitas coisas. Eu estava vendo um filme do Cecil B. DeMille noite passada baseado em Cleopatra e eu percebi quantas partes da história real ele deixou de lado. Muito da arte de filmar é fazer menos. Aspirar o menos.

Você tem que enxergar as coisas de acordo com sua expectativa de vida.

O final estava claro e Michael se corrompeu. Tinha acabado. Então não entendi porque quiseram fazer outro Poderoso Chefão.

Nunca assisti Os Sopranos. Eu não tenho interesse na máfia.

Alguns expectadores adoram ficar até o final das projeções e ver todos os nomes dos créditos. Estariam procurando parentes?

O que eu deveria fazer agora? Eu poderia fazer algo mais ambicioso. Ou menos. Melhor menos. Para mim menos ambicioso é mais ambicioso.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Ataque dos Clones!


Desde que eu me lembro como cinéfilo alfabetizado, ou seja, desde o dia em que vi o primeiro filme no cinema (E.T.), me gabo de ser uma pessoa bem informada e que se informa antecipadamente sobre os detalhes de qualquer filme que assisto. Diretor, ator, roteirista, estúdio, sinopse, prêmios, repercursão entre o público e a crítica, etc. Tanto que fico indignado quando na locadora, ao pegar um filme que já aluguei antes, o funcionário tem que dizer: "O senhor já pegou esse filme, vai levar assim mesmo?". Pra mim é ofensivo, mas consigo imaginar gente desinformada e lerda que pega um filme repetido sem saber e reclama dos funcionários que não advertiram devidamente. Ou que pegam um filme que é uma bosta e briga por que não ter sido avertido. É gente que odiou simplesmente um dos 5 melhores filmes desse século até agora, Brilho eterno de uma mente sem lembranças (que um dia farei a devida homenagem aqui) por achar que o filme seria outro sucesso pastelão cheio de caretas de Jim Carrey. Enfim. Azar de quem de não se informa, é o que sempre digo.

Relato isso com certa paixão porque já fui traído pela minha própria arrogância. O ano era 2000. Estava ansioso para ver o então novo trabalho de Tim Burton, A lenda do cavaleiro sem cabeça (Sleepy Hollow). O filme estava já ha algum tempo no cinema (não em Joinville, claro) e, para minha surpresa, vi o título na locadora. Claro que estranhei a rapidez com que o lançamento aterrisou na loja. Pensei que poderia ser uma cópia importada talvez, pirata quem sabe. De qualquer forma agarrei rapidamente o título, corri pro balcão e levei pra casa. Quando o filme começou reparei que não aparecia nunca o Johnny Depp e nem a Christina Ricci. Tampouco o ambiente parecie "Timburtonesco". Peguei a caixa e analisei com mais cuidado. A capa era bem escura com uma imagem estilizada de um cavaleiro sem cabeça e o título em destaque, porém sem indicar o nome do diretor e nem do elenco. Quando olho para o verso, percebo que peguei uma versão tosca da história feita por alguma produtora B, que agilizou a produção no embalo da notícia de Tim Burton no projeto e lançaram rapidamente para pegarem a onda do filme e lucrar com isso. Caí como um pato. Foi a minha maior vergonha como cinéfilo. E a única nessa categoria de burrada. Desde este episódio isso ficou mais forte em mim. Digo que hoje, a chance de eu me desapontar é zero. Sou um cara que me informo tanto sobre filmes que muitas vezes nem preciso assiti-los para poder discutir sobre eles. Já sei que filmes são bons e ruins sem precisar ve-los. Às vezes eles me surpreendem para o bem. Nunca para o mal. Isso me economiza uma barbaridade em ingressos e locações. Mas sei que muita gente não tem tempo, nem paixão para adquirir essa neura e acabam se decepcionando muito. Mesmo assim não existe ninguém minimamente normal no mundo que não goste de um filme sequer. Por isso as pessoas continuam assistindo filmes bons e ruins mesmo quando suas espectativas são destroçadas.

Existe um filão interessante na indústria cinematográfica de filmes baratos e rápidos de serem produzidos e lançados diretamente em video que vão na onda de blockbusters usando um título semi-homônimo (não sei o que a nova gramática diz dessa palavra), com história parecida, elencos desconhecidíssimos, restrições orçamentárias e técnicas aliadas a muita cara de pau.
É o caso da "The Asylum", que começou como produtora de filmes trash e achou nesse filão seus próprios sucessos comerciais clonados como Transmorphers, Pirates of the Treasure Island, The Da Vinci Treasure, 18 Year Old Virgin e Snakes on a Train.

O produtor da The Asylum, David Michael Latt, ao ser questionado sobre a ética nesse tipo de produção, se defendeu dizendo que não tem a intenção de enganar ninguém. “Apenas quero que meus filmes sejam vistos. Outro estúdio pode fazer um filme com robôs gigantes, cujo lançamento coincida com o de Transformers, e chamá-lo de ‘Robot Wars’. Nós chamamos o nosso de Transmorphers,” justificou. Pode ser até que os filmes deles sejam melhores que os blockbusters que o inspiraram, mas para garantir sua satisfação, faça como eu: INFORME-SE!

Aqui vai o trailer de Transmorphers 2 - The Fall of Man



Ah, vai... não parece tãããããão ruim, né?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Besouro - o filme

Maravilha!

Fico empolgado quando vejo que o cinema nacional ta saindo da mesmice explorando outros gêneros menos explorados por aqui.

Segundo o Omelete, o filme é baseado no livro Feijoada no Paraíso. A trama relembra a história do capoeirista Manoel Henrique Pereira (1895-1924), o Besouro Mangangá, também conhecido como Besouro Cordão de Ouro. Para justificar as piruetas do wire-fu, o filme mistura a história da luta contra a escravidão no interior da Bahia com elementos do folclore do candomblé.

Genial.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O segredo do terror

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dr. Fantástico - a concepção.


Há 45 anos era lançado meu filme favorito. Nunca escrevi nada sobre ele pois não conseguir descrever tudo o que sinto. E filmes favoritos merecem melhor tratamento. Um dia quem sabe declare meu amor pelo Peter Sellers e pelo Stanley-Malucobeleza-Kubrick. Enquanto isso divulgo uma matéria deliciosa sobre a concepção do filme que achei aqui e resolvi traduzir:


4 de Novembro de 1961. A carta enderaçada ao escritor Peter George parecia estranha vindo de um homem que havia dirigido atores como Laurence Olivier, Kirk Douglas e James Mason. Era manuscrita pelo próprio diretor com um certo toque de modéstia: "Primeiro deixa eu te dizer quem eu sou", assim começava. "Eu sou um diretor de cinema (Glória feita de sangue, Spartacus, Lolita). Eu estive na Inglaterra no último ano e retornei a Nova Iorque semana passada na expectativa de contatar você aqui.

Stanley Kubrick então explicou que ele se interesseou pela "situação nuclear" e estava procurando o material certo para adaptar para o cinema: "Eu estou ansioso em busca de uma história nessa área e seu livro está MUITO PRÓXIMO disso", ele disse a George. Sendo Kubrick, entretanto, ele não resistiu oferecer algumas algumas críticas do livro que ele achou que o tornaria inviável. Uma dessas críticas, ironicamente, era a idéia de dispositivos de hidrogênio escondidos nos Urais feitos para detonar automaticamente caso a União Soviética fosse vítima de um ataque nuclear - o que seria notavelmente lembrado como "The Doomsday Device" (dispositivo do fim do mundo) na obra prima "Dr. Fantástico ou: Como Aprendi A Parar De Me Preocupar E Amar A Bomba". Menos de 2 meses após essa carta, George e Kubrick começaram a trabalhar no roteiro para o filme.

Isso então virou uma anedota lendária: Stanley Kubrick começou a adaptar o seríssimo thriller nuclear "Two Hours to Doom" (Lançado nos EUA como "Red Alert") e , de repente, desconcertado pelo ridículo disso tudo, transformou a história num pesadelo satírico seminal. Então é surpreendente que quem ler o livro de George descobrirá o quanta semelhança ele realmente tem com Dr. Fantástico - a estrutura, o incidente, personangens. As similaridades e as diferenças merecem uma análise de como esse clássico se recusa a envelhecer e como ainda mantém sua habilidade de provocar simultaneamente risos e terror, 45 anos após seu lançamento.

O filme segue o livro intercalando entre o Pentágono, a base da Força Aérea onde começa a crise e o caça que invade o território russo. No livro o General Quinten (General Jack D. Ripper no filme) declara que os EUA estão em uma guerra com os russos, isola a sua base militar "Sonora" de comando estratégico e ordena seus caças que a essa altura estão aos arredores da USSR que bombardeiem seus alvos. No Pentágono, General Franklin (Col. Buck Turgidson no filme), humilhado por essa decisão inesperada de um de seus oficias, tem que confrontar o Presidente sobre o que ocorreu. Enquanto o faz, entretanto, os outros generais começam a pensar que talvez a melhor forma de agir nessa ocasião é seguir a ofensiva maluca de Quinten com força total. O Presidente preocupado com a moralidade desse ato e o fato dos soviéticos talvez terem o dispositivo do fim do mundo, decide convidar o embaixador russo para a sala de guerra do Pentágono para coloca-lo em contato com o Premier Russo e convence-lo que o ataque não foi intencional e trabalharem juntos para que ambos cancelem os ataques ou derrubem os aviões americanos. De volta a base militar de "Sonora", seu executivo, Major Paul Howard (Mandrake no filme), confronta Quinten por sua decisão e tenta cancelar o ataque descobrindo qual o código para abortar a missão (que é revelado no final do filme ser as primeira letras de "Peace On Earth", paz na terra) . Enquanto isso militares americanos tentam atacar essa base para conseguir o código também.

A essa altura a equipe do caça Alabama Angel (Leper Colony no filme), convencidos que os EUA estão sendo vítimas de uma horrível ataque nuclear, seguem invadindo território russo para atacar com suas armas nucleares. Nem precisa dizer que o livro não termina com Dr. Fantástico falando passionalmente sobre preencher os abrigos nas minas com mulheres sensuais para repovoar a terra nem tem um cowboy "cavalgando" um míssil. Ao invés disso, o caça Alabama Angel erra o alvo e acaba bombardeando um pedaço de terra desabitado, mas não antes do presidente oferecer Atlantic City como bode sacrificado para os Soviéticos para compensar as perdas presumidas do lado deles.

A tensão do livro é quase insuportável, e Kubrick reconhecia uma boa estrutura de história quando via uma. Mas enquanto George (ex-oficial da aeronáutica) apresenta aparatos militares que funcionam suavemente, Kubrick parece mais interessado em exatamente o oposto, destacando os meios em que a comunicação falha e traz o caos. Muito do humor de Dr. Fantástico é construído em ligações telefônicas quase falhas - da ligação que informa Turgidson da ofensica nuclear de Riper enquanto está no banheiro até desastrosa tentativa do Presidente americano tentar falar pelo telefone com o bêbado Premier russo (Olá, Dmitri? Escute, eu não consigo ouvir bem, você poderia baixar a música um pouquinho?) até a inabilidade de Mandrake em achar trocado para lugar pra Casa Branca de um orelhão.

Como Robert Kolker observou em seu estudo do cinema americano, A Cinema of Loneliness:

Não há interrelação entre esses lugares, sem comunicação. Cada um opera de sua forma. Mesmo dentro dessas áreas, ninguém fala com ninguém, apenas para si mesmo. Ninguém ouve, ninguém responde... Na verdade (Dr. Fantástico) é um filme sobre linguagem que cria sua própria destruição, sua própria morte e a morte do mundo.


Kubrick foi sempre fascinado pela quebra de comunicação (seu próximo filme, 2001: Uma Odisséia no Espaço explora isso mais a fundo). Mas ele também é fascinado pelos paradoxos da própria linguagem. De fato, era em partes a linguagem da guerra moderna que o levou a seguir uma rota cômica nesse filme.

Após os rascunhos iniciais, Kubrick e seu parceiro de produção James B. Harris, com quem ele fez O Grande Golpe, Glória Feita de Sangue, e Lolita trabalharam o roteiro em Nova Iorque. "Eles viraram noites mexendo com o impulso de injetar humor", diz Mick Broderick, o autor de Nuclear Movies e um extenso estudo sobre Dr. Fantástico. Harris em breve deixaria o projeto para construir sua própria carreira de diretor com o elogiado filme O Caso Bedford sobre o confronto entre um destroyer americano e um submarino russo. Mas quando Kubrick chamou seu antigo parceiro dizendo que decidiu transformar o filme realmente em uma comédia, harris estava no mínimo cético. "O garoto vai arruinar a sua carreira", pensou Harris.

O absurdo hilariante da situação nunca deixou de atormentar o diretor enquanto ele e George trabalhavam no filme. Kubrick estava aprendendo muito sobre o pensamento por trás da estratégia termonuclear. O diretor, notório por pesquisar obsessivamente os temas em que trabalha, ficou próximo de inúmeros cientistas e pensadores do tema, alguns com a ajuda de George, incluindo o estrategista Herman Kahn, o qual falava friamente sobre "megadeaths", uma palavra criada nos anos 50 para descrever 1 milhão de mortes. Assim como Kubrick contou para Joseph Heller:

Incongruência é certamente uma das fontes de risadas - a incongruência de sentar em uma sala e falar com alguém que tem um quadro grande na parede escrito o item "ambientes pós-guerra trágicos mas distinguiveis" e este diz "um a dez milhões de mortos"... tem alguma coisa tão absurda e irral ao falar disso que é quase impossível de levar a sério.

Mas talvez Terry Southern descreveu melhor. Num artigo nunca publicado que ele mandou para a Esquire, o escritor americano que virou o próximo colaborador de Kubrick no projeto escreveu:

Estratégias nucleares sofisiticadas também tem linguagem própria. Elas vão envolvendo gradualmente terminologias livres de conotação moral ou até mesmo humanas. Elas não usam, por exemplo, nenhuma forma da palavra ataque, mas ao invés usam o termo "tomar" - o que soa mais como algo num jogo de tabuleiro que o que realmente significa.

Um pioneiro do Novo Jornalismo e uma inspiração para os Beats, Southern era um perito nas formas alienantes da linguagem. (Uma lembrança sua da produção de Dr. Fantástico que escreveu para o Grand Street em 1994 está cheio de instantes de falha de comunicação, mais notavelmente na sua análise do ator caipira recém-chegado Slim Pickens e do produtor britânico Victor Lyndon que não conseguiam se entender). Ele também estava familiarizado com os diálogos requeridos em todos os ambientes do filme. "O filme se tornou algo sobre paradoxos, inconsistências e retórica. Foi a genialidade de Kubrick que fez isso tudo funcionar, mas nem ele nem George tinham um material suficientemente bom até então. Eles tinham que ter algo de atraente dentro desse humor dicotômico. Aí é que entrou Terry Southern". Disse Broderick.

Southern foi contratado quando as cameras já estavam rodando e trabalhou no roteiro por um breve período, frequentemente trabalhando no banco de trás do carro de Kubrick (um Bentley) o qual foi equipado com lâmpadas e máquina de escrever, durante o percurso de casa até os estúdios de Shepperton. Sua contribuição transformou o que era uma comédia disforme em algo muito mais definido e específico. "Terry tinha um refinado senso de humor", lembra seu filho, Nile Southern. "Ele era bem treinado em manter o realismo... Ele entendia que na comédia, você tem que manter as coisas críveis, senão tudo desaba.

E realmente, no papel, o humor de Dr. Fantástico é surpreendetemente sutil. Pela primeira metade do filme, a maior parte das cenas dançam no limite da comédia, com elementos cômicos aparecendo apenas brevemente. Incrivelmente, dá pra ver alguns momentos embrionários cômicos mesmo no livro. Veja essa cena, quando Howard, tendo ouvido transmissão local de rádio e se convence que os russos não estão atacando a América, marcha até o gabinete de Quinten, que acabou de lançar a Terceira Guerra Mundial. Quinten diz:

"Nós aprendemos muito sobre o Comunismo e seus seguidores. Nós também sabemos que podemos ser atacados a qualquer momento. Então, suponha que um ataque súbito destrua todas as bases, exceto essa. Suponha que alguém de alto escalão saiba o código do dia do general. Alguém que seja um comunista, ou um simpatizante.

"Isso nem é uma possibilidade",
diz Howard nervoso.

"Você está errado, Paul. É uma possibilidade. Num mundo que pode se contruir uma bomba atômica e gerar suas próprias luas artificiais, até contemplar a viagem espacial, nada é impossível. Nada. Oh, eu concordo que a possibilidade é bem remota, mas ela existe. De qualquer forma, suponha que as coisas aconteceram como eu disse."


Há uma oportunidade natural para a comédia no final - uma que George certamente não usa. Ele quase usa duas páginas depois, quando Howard fala para Quinden que "eles estão moralmente errado" e o superioro interrompe, "Eu argumentaria isso. Mas vamos nos deixar levar pelo momento"

Tais pivôs eram exatamente o que kubrick estava procurando. Breves, sutis instantes de humor que poderiam jogar a cena para outra direção. Nessa materia para a Esquire, Southern oferece uma citação de Kubrick que diz o quanto o diretor quis o humor dentro do filme: "Eu acho que essa surpresa... mesmo que aconteça no amor, na guerra, nos negócios ou qualquer coisa, produz maior efeito de todos os elementos. Ele dá ao momento a emoção de uma posição para a outra e você sente este empurrão extra de arrepio e descoberta... As pessoas não gostam que contem tudo para elas - Quero dizer, eu não acho que elas não gostam nem mesmo de serem avisadas que seu ziper está aberto."

O que também ajudou foi que Kubrick nunca abandonou a idéia de fazer um thriller político. Dr. Fantástico se mantém entre dois impulsos que emergiram no final dos anos 50 e começo dos 60. "A sociedade americana estava começando a ser mais autocrítica", diz Broderick. "O impluso satírico começava a emergir através do trabalho de Jules Feiffer, Revista MAD, e outras publicações satirizndo Eisenhower". Ao mesmo tempo, entretanto, dramas políticos e thrillers começaram a confrontar as sagradas instituições políticas, em particular os complexos industriais-militares: Dr. Fantástico pode ser uma comédia, mas também se mantém ao lado de filmes como Seven Days in May, Sob o Domínio do Mal, Vassalos da Ambição, Limite de Segurança (este foi processado por George e Kubrick pela absurda semelhança com o livro)

Podermos argumentar que Red Alert nunca realmente ficou ultrapassado. Ele ainda está aqui, escondido na comédia de Dr. Fantástico. Mesmo tirando todo o humor da primeira metade do filme, ainda temos uma grande drama de suspense sobre a era nuclear. Talvez por causa disso mesmo quando rindo da era nuclear, Kubrick mantinha seus medos. Broderick descobriu que durante 1961 e 1962., o diretor, convencido que a guerra era inevitável, começou seus planos de se mudar com sua família e trabalho para a Austrália: uma versão real das minas subterrâneas de Dr. Fantástico. "Ele citaria os judeus que viram o Holocausto chegando esaíram da Alemanha". diz Broderick. "Ele honestamente sentiu que poderia se mudar para a Austrália e continuar a fazer filmes por lá depois de uma guerra nuclear". Depois de viver a crise cubana dos mísseis, entretanto, ele mudou de idéia, decidinco que Dr. Fantástico seria sua resposta para os absurdos da guerra nuclear. Talvez, dizendo de outra maneira, Kubrick finalmente achou uma forma de parar de se preocupar e amar a bomba.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Filmes + Vegetais = Campanha da Hortifruti

Tão bom que merece um post.















sexta-feira, 5 de junho de 2009

Colin



O filme, segundo os criadores, custou 70 dólares. Às vezes parece que saiu caro. Às vezes parece mentira. Enfim. Assim fica fácil ter lucro. Toma essa, Blair Witch Project.

Bill is dead


You did it, bitch.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sábado Que Vem

Em breve o mais novo "clássico-do-cinema-de-curta-metragem-digital-joinvillense-de-comédia-colorido-falado-em-português".

Sábado que vem, um filme de Brian Hagemann.

Aguardem.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Filmes que fazem os homens chorar



Achei por aí uma divisão de filmes que fazem os homens chorar em 3 categorias:

Categoria 1: O Atleta Subestimado Alcança O Impossível

A indentificação pega forte aqui, afinal todos nós, homens comuns, sonhamos em algum momento com algum feito esportivo acima de nossas capacidades. E nada melhor que o cinema para ilustrar que é possível atingir a glória. Adaptando de Ratatouille: "Nem todo mundo pode se tornar um grande atleta, mas um grande atleta pode vir de qualquer lugar". Quem sabe esse grande atleta pode ser você...

Exemplos: Rocky (o clássico dos clássicos, cuja trilha já arrepia o maior ogro), Jamaica Abaixo de Zero (eu choro copiosamente no final deste), O Milagre de Berna (baseado em história real, pra estremecer sem dó as glândulas lacrimais)

Categoria 2: O Guerreiro Morre Por Um Bem Maior

Na vida real heroísmo extremo é assustador. Claro que você é corajoso, em situações de perigo mostraria toda sua habilidade e frieza. Mas não quer dizer que você esteja louco de vontade para demonstrar. O cinema trata de trazer esses loucos para nos encher de orgulho do nosso próprio potencial heróico.

Exemplos: Coração Valente (obrigado, William Wallace, por morrer por nossa liberdade), O Exterminador do Futuro 2 (quando o Arnie desce no caldeirão de lava para acabar com o futuro dos exterminadores e deixar seu amiguinho ter uma vida decente, as lágrimas jorram de emoção. quando resolvem fazer um terceiro e quarto filmes da mitologia, lágrimas jorram de raiva), Armaggedon (Brucce Willis salvando a terra pela enésima vez não me comoveu. muito.), Resgate do Soldado Ryan (o herói aqui é tão foda que nem morre por um bem maior, mas por um moleque que ele nem conhece. "faça valer a pena", diz Tom Hanks antes do seu fim)

Categoria 3: Reconciliação De Pai e Filho

Nem todos os homens são atletas. Muito menos heróis. Demonstrar sensibilidade então é algo raríssimo. O que todos temos em comum? Somos pais e/ou filhos. Alguns filmes fizeram dessa relação momentos tocantes baseados principalmente em distanciamento e reconciliação de seres brutos que acabam se abrindo para o amor verdadeiro.

Exemplos: Peixe Grande (meu favorito no tema e pra chorar escondido), Campo dos sonhos (eu odeio baseball, mas a reconciliação final do espírito do pai jogando bola com o filho é bonito pacas), Magnolia (apesar de o filme tocar mais mulheres que homens, o encontro do Tom Cruise com o pai é arrepiante), Indiana Jones e a Última Cruzada (uma relação tão bem desenvolvida em duas horas de filme com uma química tão bonita que chega a ser difícil acreditar que Harrison Ford e Sean Connery não são filho e pai na vida real)

Tem mais, mas vai ficar pra outra hora. Entrou um cisco no meu olho...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pac Man, o filme

sexta-feira, 15 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Top 10 Cenas com Música


"A primeira coisa a lembrar sobre qualquer lista Top 10 é que elas não são confiáveis. Uma lista Top 10 é quase invariavelmente resultado de caprichos do dia. Você pode estar se sentindo sentimental demais ou melancólico, e de repente seu Top 10 é um diário surrado dos seus sentimentos no infeliz dia que fez lista. Ou você pode estar se sentindo militante a respeito de uma banda obscura ou um filme raro, só pra depois você ver sua proclamação registrada, e se perguntar depois como eu chamei o/a (digite o nome do artista medíocre) de grande visionário?
É um negócio sério, essa lista Top 10, especialmente quando fala de grandes momentos de música em filmes. Uma lista assim deve ser marinada, trabalhada com calma e dormida. Um grande filme não precisa de música para existir e uma grande canção já é um filme perfeito em nossa imaginação. Mas às vezes o casamento funciona e o resultado é uma grande explosão, uma junção perfeita de corpos que engrandece ambos enquanto agita a sua alma."

Cameron Crowe, cineasta e crítico de rock.


Esse é o prólogo da lista dele. Peguei emprestado para fazer a minha própria lista.

Sem marinar.

1 - Quase Famosos (Elton John - Tiny Dancer)



Pra fazer uma lista de melhores momentos de música num filme tem que colocar Cameron Crowe. É redundante. Claro que ele não se colocou na própria lista. Uma falsa modéstia. Não faz mal. A homenagem ta feita aqui. Cena linda, tocante, que mostra o poder de uma grande música pop que faz-nos sentirmos bem e no instante onde os personagens tentam lidar com suas diferenças, canta-la juntos une-os mais ainda. São todos diferentes mas estão intimamente ligados pela mesma coisa. A boa música.

2 - Cães de Aluguel (Steelers Wheel - Stuck in the middle with you)



Claro que se não pode faltar Cameron Crowe, também não pode faltar Tarantino. Essa cena de "Cães de Aluguel" é a famosa da tortura. Mr Blonde (Michael Madsen) tortura um policial com socos, cortando a orelha fora e dando banho de gasolina. A música aqui tem um papel quase aleatório, já que está tocando na rádio no momento da tortura. Ou seja, não é pra ter um envolvimento direto com a ação, mas é claro que Tarantino escolheu ela por ser leve, divertida e grudante para contrastar com a imagem grotesca da violência. Inequecível.

3 - Juno (The Moldy Peaches - Anyone Else But You)



Uma palavra. Fofo. Belo final de filme. Adolescentes tratados como adolescentes lidando com adolescentes. Puro, ingênuo, efêmero e belíssimo. Mérito do diretor "100% filmaços" (2 até agora) Jason Reitman, da antenada roteirista Diablo Cody e da atriz Ellen Page que ajudou na trilha sonora do filme.

4 - Dr Fantástico (Vera Lynn - We´ll Meet Again)


Sou suspeito pra fazer qualquer lista. Sempre vou colocar meus favoritos. E esse é o meu filme favorito (TOP 3, pelo menos). No final quando o mundo está prestes a acabar graças a explosões nucleares em série, vemos imagens lindas dos cogumelos atômicos com uma música fofa e otimista. Nos encontraremos de novo. Não sei onde. Não sei quando. Mas eu sei que nos encontraremos de novo num dia ensolarado. Kubrick e seu otimismo doentio com a vida após a morte.

5 - A Vida de Brian (Eric Idle - Always Look On The Bright Side Of Life)


Uma comédia brilhante do Monty Python que tira sarro dos filmes religiosos, da política, da história como é contada, do fundamentalismo, do espetáculo da morte e de qualquer coisa que se atreva a aparecer na frente. O final com os crucificados cantando e assoviando a canção torna qualquer final triste em feliz (ou menos triste). Tanto que eu usava essa música para despertador. O dia sempre começava com um sorriso.

6 - Taking Off - Procura Insaciável (Vários Artistas)


O filme é o primeiro filme do Milos Forman na América e aparentemente narra a saga sobre pais em busca de seus filhos adolescentes que fogem de casa. É muito mais que isso, claro, mas não vou me aprofundar nele hoje. O começo do filme é um dos melhores que já vi. Ele te ambienta nos anos 70, te enraiza e depois você tem que lutar pra sair de lá. São várias audições musicais entre figuraças amadores e profissionais cantando músicas como"Even The Horses Had Wings" e "Ode to a screw" (genial poesia sobre trepadas). Quando a cena e as músicas acabam, a sensação é de despertar, como se acabassemos de sair do cinema e damos de cara com a realidade. Mas nesse filme temos que sair da realidade mais de uma vez. Mágico.

7 - Cidade dos Sonhos (Rebecca Del Rio - Crying)


David Lynch e o Clube Silencio - No hay Banda. Fueda.

8 - Quem Quer Ficar Com Mary (Jonathan Richman - Várias)

Trilha sonora diegética pontuando o filme. Criativo, divertido e raro. Homenagem bacana de estilo dos irmãos Farrely ao gênio Mel Brooks.

9 - Magnolia (Aimee Mann - Save Me)

Uma das 4 obras primas do Paul Thomas Anderson (Boogie Nights, Macgnolia, Punch Drunk Love, There will be blood). Essa tive que concordar com o Cameron Crowe. Cada personagem canta a canção como uma antena emocional para o filme. Lindo, corajoso e original

10 - A Primeira Noite De Um Homem (Simon & Garfunkel - The Sound Of Silence)


A música abre e fecha o filme. Um dos meus filmes preferidos. Uma das minhas músicas preferidas. Só um grande diretor como o Mike Nichols pra fazer um filme que mesmo já tendo uns 40 anos, me faz sentir sempre mais jovem do que eu sou.