"De várias maneiras o trabalho de um crítico é fácil. Nós nos arriscamos muito pouco e ainda desfrutamos de uma posição confortável sobre aqueles que submetem seu trabalho e a si próprios ao nosso julgamento. Nós nos refestelamos escrevendo crítica negativa, que é divertida de escrever e de ler. Mas a verdade amarga que nós, críticos, temos que encarar é o fato de que, no grande esquema das coisas, até o lixo medíocre tem mais significado do que a nossa crítica em si. Mas há momentos em que um crítico verdadeiramente arrisca algo, e isso ocorre na descoberta e na defesa do novo. O mundo é geralmente inóspito para o novo talento, novas criações. O novo precisa de amigos. Noite passada, eu experimentei algo novo, uma refeição extraordinária preparada por uma fonte singularmente inesperada. Dizer que tanto a refeição quanto quem a preparou desafiaram meus preconceitos é uma grosseira simplificação. Ambos me abalaram em meu âmago. No passado, não fiz segredo do meu desdenho pelo famoso lema do Chefe Gusteau: Qualquer um pode cozinhar. Mas só agora verdadeiramente percebo o que ele queria dizer. Nem todo mundo pode se tornar um grande artista, mas um grande artista pode vir de qualquer lugar. É difícil imaginar alguém com origem mais humilde do que o gênio agora cozinhando no restaurante Gusteau’s e quem, na opinião deste crítico, não é nada menos do que o maior chef da França. Estarei voltando ao Gusteau’s em breve, faminto por mais”.
Absurdo. O Poderoso Chefão já não é mais o filme melhor pontuado entre os usuários do IMDB, maior banco de dados de cinema no mundo. Exagero. Se O Poderoso Chefão não é o melhor filme da história, Batman - O Cavaleiro das Trevas é muito, mas muito menos. Apesar dos recordes de bilheteria sendo batidos (se bater o do Titanic eu nunca mais escrevo sobre cinema) é lógico que é um filme longe de ser um clássico. Pra isso o filme tem que ser maior que uma polêmica e muito resistente ao tempo. Só o tempo dirá.
Pra quem quer argumentos pra falar bem do filme, ele é sim, acima da média para um filme que fala de um maluco vestido de morcego perseguindo outro de palhaço (imagino David Lynch considerando uma premissa dessa para um filme). Bem fotografado, direção segura, produção voltada ao realismo e um Heath Ledger sem rédeas que rouba todas as cenas em que aparece (nem entro no circo armado em torno da morte dele pois o filme merece um pouco mais do que essa visão sensacionalista). Apesar de longo o roteiro é bem amarrado (não necessariamente verossímil) e o final só não é mais pesado pois fica a sensação de que haverão outros por vir e assim consertar o destino trágico do homem morcego mas necessário para a sua própria definição de herói (O Império Contra-Ataca me vêm à mente). A grande sacada dessa retomada da franquia foi relacionar o herói com os vilões como um decorrente do outro. Gothan ganha um justiceiro psicótico e a contrapartida é o surgimento de vilões piores. Nesse caso o Coringa fascina pelos métodos insanos, motivações anarquistas e por isso seus passos sempre indecifráveis ficam a frente da polícia. É uma força do mal que chega pra desestabilizar o sistema, como o personagem de Javier Bardem em "Onde Os Fracos Não Tem Vez. Ambos provocam o caos e servem bem para a humanidade como exemplos de que nunca podemos subestimar a maldade e que nem toda desgraça pode ser explicada pela obra de Deus ou pela porta dos fundos da civilização. Afinal o que seria do terrorismo sem a sua imprevisiblidade e uma "Amoral" perturbadora? E como o cinema, assim como qualquer obra de arte, por mais que retrate um mundo ficcional sempre vai ser um reflexo da sociedade a qual o autor está inserido. Pelo menos ganhamos assim filmes de ação bem intessantes nos dias de hoje. Taí: marketing saboroso, produto que corresponde às espectativas, subtexto para "pensar" e satisfação garantida do consumidor.
Agora minha parte favorita... Pra quem gosta de ser do contra e falar mal das unanimidades burras. O que mais limitou o potencial do filme foi a escolha covarde e babaca da Warner em querer que o filme pegasse o PG-13, censura para 13 anos de idade. Fica constrangedor um filme de tamanha violência psicológica não ter uma gota de sangue. Não sou hemofágico, mas ficou ridículo e perdeu a tal da credibilidade artística. Alguns diriam: "Ah, mas e o poder da sugestão? Veja o Tubarão, do Spielberg". Sim, Tubarão sugere bastante e cria uma tensão perturbadora mas na hora do pau ele é catarticamente bem explícito No Batman, as cenas com o Coringa são insanas, perturbadoras e tensas, mas na hora do pega parece "Sessão da Tarde". O estrago já foi feito na cabeça da rapaziada. Aliás tem muito adulto mal informado levando a piazada pro cinema achando que o filme parace com os Batmans do Joel Schumacher. Dá-lhe psicólogo depois. Voltando ao lado negativo do filme... Que diabos é a voz do Christian Bale quando está mascarado? Constrangedora demais. Pior que no primeiro filme. A trilha sonora toda hora chama a atenção de modo negativo e no final não se lembra nem uma nota. Outro aspecto que poderia ter sido melhorado é a direção e a montagem nas cenas de ação, principalmente quando Batman sai na mão contra a bandidagem e a edição fica muito frenética. Não dá pra entender bulhufas do que ta acontecendo. Essa é a tendência do cinema de ação desde a trilogia "Bourne" (Supremacia Bourne, mais especificamente) onde o uso da câmera na mão e montagem frenética dá a sensação visual de documentário e aproxima mais o espectador da ação. Ok, tem algumas cenas fantásticas com esse recurso (como o pulo da janela em "Ultimato Bourne") mas geralmente a montagem frenética incomoda a vista e quanto mais frequente elas são feitas mais descartáveis ficam e assim vão perecer como o efeito bullet time do "Matrix". Em nenhum desses novos "Batman" tem uma cena sequer memorável no ponto de vista técnico. O diretor Christopher Nolan não tem nem a competência para isso e nem a intenção. Foi burocrático e correto o suficiente para o espectador lembrar e curtir o roteiro. Infelizmente é uma tendência não só em Hollywood, mas no mundo todo, diretores não se preocupam mais com o apuro visual, a elaboração de enquadramentos mais complexos, informações visuais sutis, simbologia visual e sonora, movimentos de câmera que tenham significado. Grandes mestres como Brian de Palma, Coppola, Scorsese, Spielberg, Ridley Scott vão assistindo o predomínio nas bilheterias de uma uma geração de diretores sem personalidade, com raras excessões. Christopher Nolan não é uma delas e "Batman - O Cavaleiro das Trevas" não é uma obra-prima. Ainda.
(BRIAN is hauled into PILATE'S audience chamber. It is big and impressive, although a certain amount of redecorating is underway. The CENTURION salutes.)
CENTURION Hail Caesar.
PILATE Hail Caesar.
CENTURION Only one survivor, sir.
PILATE Thwow him to the floor.
CENTURION What sir?
PILATE Thwow him to the floor.
CENTURION Ah! (He indicates to the two roman GUARDS who throw BRIAN to the ground.)
PILATE Now, what is your name, Jew?
BRIAN Brian.
PILATE Bwian, eh?
BRIAN (trying to be helpful) No, *BRIAN*. (The CENTURION cuffs him.)
PILATE The little wascal has spiwit.
CENTURION Has what, sir?
PILATE *SPIWIT*.
CENTURION Yes, he did, sir.
PILATE No, no, spiwit ... bwavado ... a touch of dewwing-do.
CENTURION (still not really understanding) Ah. About eleven, sir.
PILATE (to BRIAN) So you dare to waid us.
BRIAN (rising to his feet) To what?
PILATE Stwike him, centuwion, vewwy woughly.
CENTURION And throw him to the floor, sir?
PILATE What?
CENTURION THWOW him to the floor again, sir?
PILATE Oh yes. Thwow him to the floor.
(The CENTURION knocks BRIAN hard on the side of the head again and the TWO GUARDS throw him to the floor.)
PILATE Now, Jewish wapscallion.
BRIAN I'm not Jewish ... I'm a Roman!
PILATE *WOMAN*?
BRIAN No, *ROMAN*. (But he's not quick enough to avoid another blow from the CENTURION.)
PILATE So, your father was a *WOMAN*. Who was he?
BRIAN (proudly) He was a centurion in the Jerusalem Garrison.
PILATE Oh. What was his name?
BRIAN Nortius Maximus. (An involuntary titter arises from the CENTURION.)
PILATE Centuwion, do we have anyone of that name in the gawwison?
CENTURION Well ... no sir.
PILATE You sound vewwy sure ... have you checked?
CENTURION Well ... no sir ... I think it's a joke, sir ... like ... Sillius Soddus or ... Biggus Dickus.
PILATE What's so funny about Biggus Dickus?
CENTURION Well ... it's a ... joke name, sir.
PILATE I have a vewwy gweat fwend in Wome called Biggus Dickus. (Involuntary laughter from a nearby GUARD surprises PILATE.)
PILATE Silence! What is all this insolence? You will find yourself in gladiator school vewwy quickly with wotten behaviour like that. (The GUARD tries to stop giggling. PILATE turns away from him. He is angry.)
BRIAN Can I go now sir ... (The CENTURION strikes him.)
PILATE Wait till Biggus hears of this! (The GUARD immediately breaks up again. PILATE turns on him.)
PILATE Wight! Centuwion ... take him away.
CENTURION Oh sir, he only ...
PILATE I want him fighting wabid wild animals within a week.
CENTURION Yes, sir. (He starts to drag out the wretched GUARD. BRIAN notices that little attention is being paid to him.)
PILATE I will not have my fwends widiculed by the common soldiewy. (He walks slowly towards the other GUARDS.)
PILATE Now ... anyone else feel like a little giggle when I mention my fwend ... (He goes right up to one of the GUARDS.) Biggus ... Dickus. He has a wife you know. (The GUARDS tense up.) Called Incontinentia. (The GUARDS relax.) Incontinentia Buttocks! (The GUARDS fall about laughing. BRIAN takes advantage of the chaos to slip away.)
PILATE Silence! I've had enough of this wowdy wabble webel behaviour. Stop it! Call yourselves Pwaetonian guards. Silence! (But the GUARDS are all hysterical by now. PILATE notices BRIAN escaping.)
PILATE You cwowd of cwacking-up cweeps. Seize him! Blow your noses and seize him! Oh my bum.
Up é o próximo filme da Pixar. O filme conta as aventuras de um simpático velhinho que viaja o mundo em balões de gás (sim, sim, mera coincidência com o nosso padre errante). Mesmo um idoso sendo para muitos um estranho modelo de brinquedos e produtos de marketing, aposto mais uma vez no sucesso do filme e na qualidade artística da Pixar. E tem como ser diferente?