terça-feira, 27 de janeiro de 2009
O poder de um final
Como já disse Robert McKee no filme Adaptação, o segredo de um roteiro é surpreender no final. Você pode ter uma história ruim, um elenco ruim, diálgos ruins, mas faça um final surpreendente que você ganha o espectador (e Deus me livre se utilizar Deus Ex-Machina).
Essa fórmula aparentemente simples é geralmente mal utilizada, principalmente no cinema americano, onde uma onda a mesmice e a previsibilidade imperam, com raras excessões.
É o problema dos gêneros. Nem todos conseguem lidar com eles de forma inventiva. Tanto nos dramas quanto nas comédias a grande espectativa do final é se ele é triste ou feliz. Claro que cerca de 99% tem final feliz. Não por acaso. É o que dá mais retorno de bliheteria. Faz as pessoas se sentirem melhor e blablabla. Claro que Titanic é a excessão que confirma a regra. Mas mesmo nas ramificações de gêneros e possibilidades, as coisas ainda acabam se limitando. Por exemplo, numa comédia romântica o casal ou acaba junto (99,99%) ou acaba separado (0,01%). Num filme de terror ou o vilão-monstro morre no final (95%) ou triunfa (5%). Num filme policial ou o bandido se ferra (98%) ou escapa (2%). No pornô hetero, a mulher se fode (100%). Enfim, não estou defendendo os tipos de finais de filmes com menor porcentagem de ocorrência, pois até eles são previsíveis. Defendo aqui a terceira via. A dos finais com a dose certa de imprevisibildiade que vira do avesso as espectativas pois foge das opções esperadas de forma sutil como em "Os suspeitos" e o "Sexto Sentido" ou até mesmo deliciosamente exagerada, como em "Happy Feet" e "Morrer ou Viver" do Takeshi Miike.
Aliás todo esse discurso foi pra enfim falar desse filme. "Morrer ou Viver" tem, na minha opinião, o melhor final de filme que já vi. E olha que eu não devo ter entendido bulhufas da simbologia dessa cena. Se é que há alguma, claro. O filme é um embate entre a polícia japonesa, uma gangue chinesa e a yakuza no meio de campo. O começo do filme parece um trailer de 6 minutos viscerais que homenageia a matança de chefões no "Poderoso Chefão" só que atolado de ácido. O meio do filme lembra o "Fogo contra Fogo" do Michael Mann na forma que desenvolve os personagens e os envolve num caminho sangrento cada vez mais sem volta. Até então beleza. Nada de absurdo entre uma escatologia ou outra. Mas o final, bem... o final...
Lindo. Lindo.
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4 comentários:
é
mas essa idéia de "final" como o clímax d toda a ação só funciona no cinema clássico.
mto mais legal são os filmes q nem tem final, final aberto onde nada se conclui, reflexões e revelações sobre a vida onde o final é a morte.
no final d titanic tem o beijo do casal, lembra? então ele não é excessão, tem sim o final feliz pra enxugar as lágrimas e colocar um sorriso na boca de gente q sonha c a ilusão d amor pra toda a vida.
rolou até uma discussão nakela oficina do Carminati.
falando em final, li q "Slumdog milionaire" tem "O" final, não atoa foi o gde vencedor do globo de ouro e favorito ao oscar.
Pois é, já o resgate do "Resgate do Soldado Ryan" tem o climax no começo. Gosto de finais em aberto como o de "Marcas da Violência" que acaba seco e tenso, mas do jeito que tem que ser. Ou do "Old Boy" onde você fica até o último segundo antes do fade, olhando nos olhos do "Oh Dae-Su pra ver se a hipnose funcionou (toda vez que vejo mudo de idéia). Agora finais que deixam dúvidas cruciais da trama sem que possamos concluir nada, sem pistas, esses eu rejeito.
eu tô curtindo muito cinema marginal, Sganzerla e afins. nunca tem final e não existe uma construção narrativa crescente que necessite de uma edição mais elaborada no final e etc...
esse tipo de cinema é mais Cinema porque é menos literatura. ele tem mais propriedade.
"a casa de Alice" filme q vi recentemente não se explica nem se resolve, pois na vida nada se explica, tudo o que existe é a continuidade. e um filme como reflexo da vida mostra um pedaço dela, o clímax pode estar em qlqr lugar ou se tornar completamente desnecessário.
ps: esse corretor ortográfico embutido no orkut e no blogger é um luxo não é? mas perceba que ele desconhece a palavra "clímax"
:P
caramba, ainda não revi "oldboy"!
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